Twitter e Facebook acusam China de usar redes para desacreditar protestos
Empresas dizem que Pequim criou milhares de falsos perfis para semear a discórdia entre participantes do movimento pró-democracia em Hong Kong e espalhar notícias falsas, minando a legitimidade dos protestos. As redes sociais Twitter e Facebook acusam o governo da China de promover uma campanha para desacreditar o movimento pró-democracia em Hong Kong e espalhar a discórdia no território autônomo chinês.
Nesta segunda-feira (19) as duas plataformas anunciaram a suspensão de mil perfis suspeitos de fazer parte da estratégia de Pequim para influenciar a população de Hong Kong. O Twitter afirma ter cancelado outras 200 mil contas antes que elas pudessem ser utilizadas para essa mesma finalidade.
"Temos provas confiáveis para afirmar que isso é uma operação coordenada apoiada pelo Estado", afirmou o Twitter. "Esses perfis tentavam propositalmente e especificamente semear a discórdia em Hong Kong, o que incluía difamar a legitimidade e posições políticas do movimento."
A rede social também proibiu anúncios de empresas de mídia associadas ao governo chinês, nos moldes de uma proibição aplicada a duas entidades russas em 2017, a emissora RT e o portal de notícias Sputnik.
As medidas são parte de um esforço para reduzir as atividades políticas enganosas na plataforma, que já foi amplamente criticada por permitir interferências em eleições em todo o mundo e aceitar dinheiro para divulgar propaganda política de organizações de mídia ligadas a governos.
Os perfis foram suspensos por violações aos termos de serviço da plataforma. "Acreditamos que não é dessa forma que as pessoas queiram ser informadas no Twitter", disse um executivo da empresa que não quis se identificar por razões de segurança. Ele afirmou que as atividades chinesas foram relatadas ao FBI nos Estados Unidos.
O Twitter e o Facebook são proibidos na China, como parte de um mecanismo de censura imposto no país, chamado de a "Grande Firewall". Mas as redes são liberadas em Hong Kong. Por causa da proibição na China continental, muitos dos perfis falsos foram acessados com a utilização de "redes virtuais privadas" que fornecem informações enganosas sobre a localização dos usuários.
"Entretanto, algumas contas acessaram o Twitter a partir de endereços específicos de IP desbloqueados que se originaram da China continental" disse a plataforma.
O Facebook afirma que algumas das postagens das contas agora suspensas comparavam os manifestantes a extremistas do "Estado Islâmico" e os chamavam de "baratas", os acusando de tentar matar pessoas com estilingues.
"Apesar de as pessoas por trás dessas atividades tentarem ocultar suas identidades, nossa investigação descobriu ligações com indivíduos associados ao governo chinês", declarou a rede social.
O governo chinês disse que não sabia das alegações. "Não estou ciente dessa situação específica", disse um porta-voz do Ministério do Exterior.
Inicialmente direcionados contra um projeto de lei que autorizava extradições para a China continental - suspenso pelo governo em meio à pressão popular -, os protestos se ampliaram para exigir reformas democráticas amplas, rejeitando a influência de Pequim e a redução das liberdades em Hong Kong. Nos últimos dias, surgiram alertas de que a China estaria movimentando tropas em direção a Hong Kong.
A manifestação do último domingo em Hong Kong, que, segundo os organizadores, atraiu 1,7 milhão de pessoas, foi vista com uma tentativa de se resgatar o caráter pacífico dos protestos após uma escalada de violência. Não houve prisões ou confrontos com a polícia, como nas últimas semanas.
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