Enquanto milhares de berlinenses praticam autoisolamento para se proteger da pandemia da covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2, Martin vai de restaurante em restaurante e de porta em porta. Ele trabalha para a empresa de entregas Lieferando, levando comida dos restaurantes às casas dos clientes.
Martin está preocupado em ser exposto ao vírus? "Nem tanto", diz. "Eu sou jovem." De qualquer maneira, usa o cachecol em volta do rosto por precaução.
As empresas de entrega responderam à situação da pandemia com novos regulamentos de higiene, ao mesmo tempo em que promovem o uso de suas plataformas.
A Takeaway.com — empresa controladora da Lieferando, que domina o mercado de entrega de alimentos na Alemanha — emitiu um comunicado para seus clientes e funcionários na Europa. A companhia está incentivando a "entrega sem contato", o que significa que o cliente deve pagar antecipadamente e os funcionários deixam a refeição em frente à porta do cliente e se afastam a uma distância segura.
No entanto, a precaução não é um requisito, e o pagamento em dinheiro ainda estava disponível no site da Lieferando no momento da publicação desta matéria.
Outras empresas de entrega internacional, como Grubhub e UberEats, que juntas respondem por mais de 50% do mercado norte-americano, suspenderam as taxas de entrega para restaurantes independentes. Ambas não têm uma opção sem contato integrada ao aplicativo, mas estão incentivando os clientes a inserir uma observação para o entregador se quiserem que seus alimentos sejam deixados à porta.
Faltam medidas de segurança na Itália
Porém, não se sabe se essa cadeia de fornecimento é sustentável. Na Itália, ela mostra sinais de quebra.
Atualmente, o país tem o segundo maior número de pacientes infectados com o coronavírus e o maior número de mortes em decorrência da covid-19 no mundo. E, embora o governo tenha ordenado o fechamento de empresas não essenciais, os restaurantes podem permanecer abertos para entrega de alimentos.
Isso tornou os entregadores o elo-chave entre restaurantes e consumidores. Mas os entregadores dizem que essa política não é saudável nem para eles nem para o consumidor.
"As empresas de entrega não têm como garantir que o sistema seja seguro", diz Angelo Avelli, porta-voz da Deliverance Milan, um coletivo de trabalhadores de entrega. Ele ressalta que as principais empresas da Itália - Deliveroo, UberEats, Just Eat e Glovo - operam como plataformas terceirizadas que não têm contato direto com seus empregados e pouca ou nenhuma supervisão de sua higiene.
O UberEats, por exemplo, fornece uma pequena quantia em dinheiro para seus funcionários comprarem equipamentos de proteção, como desinfetante para as mãos e máscaras faciais. "Onde devemos conseguir essas coisas?" questiona Avelli. "No momento, é impossível comprar essas coisas", recorda.
Muitas empresas de entrega também forneceram fundos excepcionais para trabalhadores doentes. O UberEats está oferecendo 14 dias de licença remunerada para "motoristas e entregadores diagnosticados com covid-19 ou colocados em quarentena por uma autoridade de saúde pública".
Coronavírus liga alerta pelo mundo
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3.abr.2020 - Vista geral do hospital de campanha Nightingale, no centro de convenções ExCel, em Londres, com capacidade para atender 4.000 pessoas com covid-19
Will Oliver/EFE/EPA 2 / 57
25.mar.2020 - Radial Leste, que liga o centro de São Paulo à zona leste, fica vazia, em função do isolamento social por causa do novo coronavírus
PAULO LOPES/ESTADÃO CONTEÚDO 3 / 57
24.mar.2020 - Profissionais de saúde atendem o público em tenda colocada na parte externa da Clínica da Família da Rocinha, no Rio
Herculano Barreto Filho/UOL 4 / 57
23.mar.2020 - Italianos cantam das janelas durante quarentena em casa para evitar a propagação do novo coronavírus
Massimo Pinca/Reuters 5 / 57
17.mar.2020 - Torre Eiffel, um dos principais pontos turísticos de Paris (França), fica vazia após presidente anunciar restrições contra o coronavírus
Ludovic Marin / AFP 6 / 57
16.mar.2020 - Movimentação de passageiros usando máscaras e luvas na saída da estação Butantã, linha amarela do Metrô em São Paulo
Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo 7 / 57
26.fev.2020 - Passageiros e funcionários usam máscaras de proteção no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, após primeiro caso do coronavírus no Brasil
Zanone Fraissat/Folhapress 8 / 57
11.mar.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, participa de entrevista coletiva em que foi anunciado que a epidemia de covid-19 passa a ser considerada pandemia, pela organização, quando há transmissão simultânea do vírus em vários locais do planeta
Fabrice Coffrini/AFP 9 / 57
11.mar.2020 - Integrante das forças de segurança do Líbano checa temperatura de um visitante em um prédio do governo, na cidade de Saida
Mahmoud Zayyat/AFP 10 / 57
11.mar.2020 - Funcionário de uma estação de ônibus em Narathiwat, na Tailândia, oferece gel para os passageiros limparem as mãos antes de viajarem
Madaree Tohlala/AFP 11 / 57
11.mar.2020 - O papa Francisco celebra cerimônia na Biblioteca do Palácio Apostólico, longe dos fieis, como medida para evitar novas transmissões do novo coronavírus
Divulgação Vaticano/AFP 12 / 57
9.mar.2020 - A Fontana di Trevi, uma das mais visitadas em Roma, teve o acesso bloqueado a visitantes, por conta das medidas do governo italiano contra a disseminação do novo coronavírus
Alberto Lingria/Xinhua 13 / 57
9.mar.2020 - Parentes de presos entram em confronto com a polícia em frente à prisão de Rebibbia, na Itália, após governo decretar normas de prevenção ao novo coronavírus que devem ser seguidas por detentos e seus visitantes
Yara Nardi/Reuters 14 / 57
06.mar.2020 - Homem se protege com máscara em vagão da linha 2 Verde do metrô de São Paulo
Bruno Rocha/Fotoarena/estadão Conteúdo 15 / 57
5.mar.2020 - Integrante de equipe médica prepara substância desinfetante a ser usada em locais públicos de Teerã (Irã)
Nazanun Tabatabaee/Wana/Reuters 16 / 57
5.mar.2020 - Funcionário da companhia aérea italiana Alitalia usa máscara facial para se proteger do novo coronavírus enquanto trabalha no aeroporto de Guarulhos (SP)
Rahel Patrasso/Reuters 17 / 57
05.mar.2020 - Pessoas usam máscaras em meio a preocupações com a disseminação do novo coronavírus COVID-19 enquanto andam de barco em Bangkok
Leia mais Suwanrumpha/AFP 18 / 57
05.mar.2020 - Equipe médica iraquiana descansa após verificar a temperatura dos passageiros, em meio a um surto de coronavírus, no aeroporto de Najaf
Leia mais Alaa al-Marjani/Reuters 19 / 57
26.fev.2020-Passageiros usam máscaras protetoras no Irã, após um surto de coronavírus
Alaa al-Marjani/Reuters 20 / 57
28.fev.2020 - Passageiros com máscaras de proteção são vistos no Aeroporto Internacional da Cidade do México, México
Leia mais Alfredo Estrella / AFP 21 / 57
28.fev.2020 - Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita
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27.fev.2020 - Jogadores do Ludogorets usam máscaras como medida de segurança contra o COVID-19, o novo coronavírus, a caminho da partida pela UEFA Europa League
Miguel Medina / AFP 24 / 57
28.fev.2020 - Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita
Abdel Ghani Bashir / AFP 25 / 57
27.fev.2020 - Torcedores usam máscaras em meio à preocupação com o coronavírus antes da partida Gent v AS Roma pela Europa League
Francois Lenoir / Reuters 26 / 57
Após a Espanha confirmar os primeiros casos de coronavírus nesta semana, torcedores usam máscaras de proteção em partida entre Real Madrid e Manchester City, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, em Madri
Susana Vera/Reuters 27 / 57
Após a Espanha confirmar os primeiros casos de coronavírus nesta semana, torcedores usam máscaras de proteção em partida entre Real Madrid e Manchester City, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, em Madri
Susana Vera/Reuters 28 / 57
26.02.2020 - Fachada do hospital onde um paciente com o novo coronavírus morreu em Paris, na França
Leia mais KENZO TRIBOUILLARD/AFP 29 / 57
16.fev.2020 - Ônibus se aproximam do navio de cruzeiro Diamond Princess, atracado na Baía de Yokohama, no Japão, para retirar os passagiros que estavam isolados devido à epidemia do coronavírus
Leia mais Behrouz Mehri/AFP 30 / 57
Plateia assiste ao festival usando máscaras de proteção em prevenção contra a transmissão do coronavírus
Kim Kyung-Hoon/Reuters 31 / 57
16.fev.2020 - Médicos levam primeira parte de pacientes infectados com o novo coronavírus para uma área de isolamento no hospital Huoshenshan, em Wuhan
Leia mais Xinhua/Xiao Yijiu 32 / 57
16.fev.2020 - Os membros das Forças de Autodefesa do Japão caminham em direção ao navio Diamond Princess, onde 355 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus. Os norte-americanos começaram a deixar o cruzeiro
Leia mais BEHROUZ MEHRI/AFP 33 / 57
16.fev.2020 - Funcionários são vistos antes da evacuação dos passageiros dos EUA do navio de cruzeiro Diamond Princess, onde dezenas testaram positivo para o coronavírus
ATHIT PERAWONGMETHA/REUTERS 34 / 57
17.fev.2020 - Avião com passageiros norte-americanos retirados de navio que est[a em quarentena no Japão devido à epidemia de coronavírus chega à Base da Força Aérea dos EUA, perto da cidade de São Francisco, na Califórnia
Brittany Hosea-Small/AFP 35 / 57
Clientes aguardam abertura das redes Sasa e Mannings na Queen's Road, em Hong Kong, nesta terça-feira (4), às 8h (horário local), em busca de máscaras cirúrgicas
Leia mais Christianne González/UOL 36 / 57
27.jan.2020 - Equipe médica de hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China, atende paciente
Leia mais Xinhua/Chen Jing 37 / 57
31.jan.2020 - Tripulação embarca em voo com máscaras no aeroporto de Wuhan, na China
Leia mais Hector Retamal/AFP 38 / 57
30.jan.2020 - Todos os 99 pacientes levados ao hospital Jinyintan com coronavírus tiveram pneumonia
Leia mais Getty Images 39 / 57
22.jan.2020 - Médicos transferem paciente com suspeita de estar com o coronavírus no hospital Rainha Elizabeth, em Hong Kong
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22.jan.2020 - Paciente com suspeita de estar infectado com o coronavírus internado no hospital Prince of Wales, em Hong Kong
Reuters 41 / 57
22.jan.2020 - Funcionário de cassino em Macau mede temperatura de uma mulher antes de sua entrada no prédio
Anthony Wallace/AFP 42 / 57
24.jan.2020 - Desde o dia 23, passageiros que desembarcaram no aeroporto de Guarulhos (SP) vindos da China relataram ter recebido um documento em português, espanhol e chinês sobre sintomas do coronavírus e uma série de orientações
FEPESIL/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO 43 / 57
24.jan.2020 - Médica usando roupas de proteção no hospital da Cruz Vermelha em Wuhan, na China
AFP 44 / 57
25.jan.2020 - O médico chinês Zhou Qiong lidera equipe que atua na prevenção e tentativa de controle da epidemia do coronavírus na China
Xinhua/Cheng Min 45 / 57
24.jan.2020 - Médicos atendem paciente infectado pelo coronavírus no hospital Zhongnan, em Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, na China
Xinhua/Xiong Qi 46 / 57
25.jan.2020 - Quase 3.000 casos do novo coronavírus já foram confirmados, a maioria deles na China
EPA 47 / 57
25.jan.2020 - Passageiros usam máscara em vagão do metrô em Paris
ROSIVAN MORAIS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO 48 / 57
26.jan.2020 - Usuários do metrô de Pequim, na China, usam máscaras
Carlos Garcia Rawlins/Reuters 49 / 57
28.jan.2020 - Uma equipe composta por 142 médicos de Xinjiang partiu para Wuhan para ajudar no combate ao coronavírus
Xinhua/Wang Fei 50 / 57
28.jan.2020 - Fila em Hong Kong para comprar máscaras faciais com medo do coronavírus
Tyrone Siu/Reuters 51 / 57
28.jan.2020 - Membros da segurança usam máscaras dentro da estação de trem de alta velocidade que conecta Hong Kong à China continental
Anthony Wallace/AFP 52 / 57
28.jan.2020 - A chefe do Executivo de Hong Kong Carrie Lam usa máscara diante de surto de coronavírus em coletiva de imprensa
Tyrone Siu/Reuters 53 / 57
28.jan.2020 - Pedestres usam máscaras numa região de compras em Tóquio, no Japão
Kim Kyung-Hoon/Reuters 54 / 57
28.jan.2020 - Trabalhador desinfecta instalações públicas em uma comunidade no distrito de Nanchang, província de Jiangxi, China
Xinhua/Peng Zhaozhi 55 / 57
28.jan.2020 - Equipe médica embarca rumo a Wuhan, para auxiliar no atendimento dos pacientes infectados com o coronavírus
Xinhua/Chen Bin 56 / 57
18.fev.2020 - Passageiros que estavam no navio Diamond Princess e foram diagnosticados com o coronavírus são transferidos de ônibis para unidades médicas em Tóquio, no Japão
Athit Perawongmetha/Reuters 57 / 57
17.fev.2020 - Norte-americanos chegam ao aeroporto da base militar em San Antonio, no Texas, após serem retirados do navio Diamond Princess, que está isolado no Japão devido à epidemia do coronavírus
Edward A. Ornelas/AFP 'Sushi não é um direito!'
Para os sindicatos de entrega da Itália, essas medidas não são suficientes. A Deliverance Milan, juntamente com coletivos semelhantes de Roma e Bolonha, está organizando uma campanha com o slogan "Sushi não é um direito!". Eles exigem que o governo impeça a entrega não essencial de alimentos e permita aos entregadores — ciclistas ou motoristas — a opção de receber uma renda básica mensal, assim como foi feito com outros trabalhadores demitidos ou em licença, que recebem cerca de 600 euros.
Os coletivos têm falado em uma ofensiva contra o governo, mas Avelli admite que seria difícil organizar uma greve nessas condições. "Estamos todos em quarentena, a menos que trabalhemos ou façamos compras", diz, observando que organizar um protesto seria ilegal. Por enquanto, eles pretendem pressionar o governo por meio de uma campanha de informação online.
"As empresas querem contar outra história", diz Avelli. "Eles estão tratando os entregadores como heróis que levam felicidade e alegria às pessoas em quarentena, mas é loucura. Porque é muito perigoso para as pessoas."
É seguro pedir comida para entrega?
É uma história familiar em grandes cidades do mundo todo: Brittany Smith trabalha em casa sozinha há uma semana e pediu comida para entrega seu apartamento em Chicago duas ou três vezes.
Ela recebeu ofertas em seu smartphone para entrega gratuita do UberEats e DoorDash, juntamente com garantias de que as empresas estavam "tomando precauções" à luz da pandemia de covid-19.
Smith optou pela entrega sem contato. Mas, por causa de uma falha de comunicação com o entregador, ela ainda acabou conversando com ele à porta. O trabalhador não estava usando nenhum equipamento de proteção. "Eu fiquei preocupada", diz Smith. No entanto, ela não vê isso como motivo para entrar em pânico.
Quando questionada se é seguro pedir comida para entrega durante uma pandemia, a virologista Karin Mölling, do Instituto Max Planck, dá uma resposta clara: "É melhor do que morrer de fome". Mölling explica que "sempre existe a possibilidade de um vírus se conectar a qualquer superfície, mas não creio que esse seja um motivo para entrar em pânico".
Ela ressalta que, mesmo que as pessoas que se isolam cozinhem a própria comida, ainda precisam ir ao supermercado para comprar suprimentos, o que também os expõe ao vírus.
Pequenos restaurantes não têm escolha
Para pequenos restaurantes na Europa e nos Estados Unidos, oferecer entrega pode ser a única forma de não ir à falência. Ermano Steri, coproprietário da Bottega Nr. 6 em Berlim, diz que nunca pensou em entregar comida até a crise do coronavírus atingir a Alemanha.
O restaurante italiano começou o processo de registro na plataforma de entrega Lieferando. Enquanto isso, eles planejam entregar comida de carro. "Faremos o que for preciso para sobreviver nas próximas semanas ou meses", diz Steri. "Não podemos esperar até que as coisas voltem ao normal."
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