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Missão Artemis 1, da Nasa, lança as bases para colonização da Lua

Retorno ao satélite terrestre após 50 anos pode servir de preparo para colonização de Marte; passo inicial será dado nesta segunda-feira (29), com lançamento da primeira missão do programa - Nasa
Retorno ao satélite terrestre após 50 anos pode servir de preparo para colonização de Marte; passo inicial será dado nesta segunda-feira (29), com lançamento da primeira missão do programa Imagem: Nasa

Fred Schwaller

27/08/2022 18h07Atualizada em 29/08/2022 10h47

As expectativas para a década de 2030 são grandes: volta à Lua e a colonização do satélite da Terra e, quem sabe, até de Marte. O pontapé inicial para essas grandes conquistas será dado ainda neste mês, com o lançamento da missão Artemis I, na próxima segunda-feira (29), às 9h30.

Apesar de ser uma missão de teste não tripulada, Artemis I é o primeiro passo para a volta do homem à Lua desde a missão Apollo 17 de 1972. A colonização da Lua é fundamental para a exploração de Marte, pois o satélite natural da Terra serviria com uma espécie de pit stop para as longas viagens ao planeta vermelho.

Segundo os parceiros na Artemis, a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA), o programa destacará o que mudou na exploração espacial nos últimos 50 anos. E muita coisa mudou desde 1972.

A visão e tecnologia, por exemplo, estão mais avançadas. A Artemis planeja que o homem chegue à Lua em 2025 e viagens nos anos seguintes estabelecerão uma colonização mais permanente.

"No início, astronautas irão à Lua para passar uma semana, mas, no futuro, integrantes das missões Artemis ficarão um mês ou dois lá. Em algum momento, haverá então assentamentos permanentes", afirmou Jürgen Schlutz, engenheiro aeroespacial da ESA.

A missão Artemis também marcará a primeira caminhada na Lua da primeira mulher e de uma pessoa não-branca -- até hoje, pisaram em nosso satélite apenas 12 homens brancos.

O que é o programa Artemis?

O lançamento do dia 29 de agosto é o primeiro de uma série de seis missões à Lua planejadas para até 2028. Sem astronautas a bordo na nave espacial Orion, a Artemis I será basicamente um teste segurança para viagens tripuladas futuras.

Iniciado em 2017 e formado pela Nasa, ESA e agências espaciais de vários países, o programa Artemis faz parte dos esforços para revitalizar programas espaciais. "Queremos ampliar o alcance dos seres humanos no espaço. A Lua é o nosso vizinho mais próximo. Apesar do potencial de pesquisa, o Artemis visa, sobretudo, conquistar nossa primeira âncora no espaço", reforça Schlutz.

A Nasa batizou o programa com o nome da irmã gêmea de Apolo, a deusa da Lua na mitologia grega.

A nave espacial Orion deve ser lançada do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, às 7h30 (horário local) de 29 de agosto. Ela ficará no espaço entre 26 e 42 dias, dos quais, pelos menos, seis serão numa órbita distante da Lua, antes de cair no Oceano Pacífico.

Teste de segurança

De acordo com Schlutz, o objetivo da Artemis I é atestar a segurança da Orion e dos Sistema de Lançamento Espacial. A Orion é uma nave espacial parcialmente reutilizável, equipada com painéis solares e um sistema acoplagem automático, junto com motores de propulsão primário e secundário que impulsionarão a força de fora da órbita da Terra e a conduzirão em direção à Lua.

A ESA, juntamente com outras empresas europeias como a AirBus, foram centrais no desenvolvimento da tecnologia para a nave espacial, que comporta até seis tripulantes.

Em sua primeira viagem, a Orion levará dois manequins, Helga e Zohar, equipados com sensores de medição de radiação.

Rumo a Marte

A longo prazo, o objetivo do Artemis é a colonização de Marte. Schlutz afirma que a Lua é um passo importante, pois será como uma espécie de posto avançado para os exploradores de Marte. A previsão é que até o final desta década esteja concluída a primeira plataforma de pouso lunar, chamada de Campo Base Artemis.

A Administração Espacial Nacional da China e a agência espacial russa, Roscosmos, também têm planos de construir bases próprias na Lua até o início dá década de 2030.

Na Artemis, a base lunar auxiliaria missões por até dois meses e seria usada como um posto avançado para aprimorar tecnologias e condições de vida. A viagem até ela duraria menos de uma semana. Algo impressionante se for considerado o fato de que há apenas 200 anos exploradores europeus passaram a levar cerca de quatro semanas para chegar às Américas.

"O ambiente na Lua é duro. Nosso maior desafio é proteger astronautas da radiação. Queremos construir módulos de habitação com tijolos exteriores de regolito [poeira lunar] para bloquear a radiação", afirma Aiden Cowley, cientistas de materiais da ESA.

Sistema de administração de recursos, de proteção contra radiação e de coleta de energia serão testados na Lua antes de serem levados para Marte, cuja viagem demora seis meses. Por isso, a Lua se revela o local ideal para os testes destas tecnologias.