Sol é menor do que se pensava; mas, afinal, como é possível descobrir o tamanho?
Um novo estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, baseado em uma inovadora tecnologia de ondas sonoras, revelou que o Sol é menor do que se pensava.
Historicamente, astrônomos mediram o tamanho do Sol observando sua fotosfera, a parte que emite luz visível durante os eclipses solares. Esta técnica tem sido a norma desde a década de 1970 e estabeleceu o raio do Sol em aproximadamente 695.990 quilômetros. Mas, como acontece com qualquer corpo celeste, as aparências enganam.
A chave: heliosismologia
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Tóquio e do Instituto de Astronomia de Cambridge decidiu explorar dimensões alternativas do Sol usando uma nova abordagem.
Utilizando o Michelson Doppler Imager (MDI) no Observatório Heliosférico Solar (Soho), operado conjuntamente pela Nasa e pela ESA, aplicaram a astrosismologia ao Sol. Este método investiga o interior solar por meio da análise de ondas acústicas, uma disciplina conhecida como heliosismologia.
Ao rastrear as oscilações solares, literalmente as vibrações que atravessam todo o Sol, eles conseguiram estimar seu tamanho com mais precisão. As medições tradicionais baseadas na fotosfera estabeleceram o raio solar em 695.990 quilômetros, mas a nova abordagem deu um resultado ligeiramente diferente: 695.780 quilômetros.
Embora esta diferença possa parecer insignificante, pode ter um impacto significativo na nossa compreensão do Sol e dos seus efeitos na Terra.
O Sol é crucial para a manutenção da vida no nosso planeta, fornecendo luz e calor, mas é também uma fonte de tempestades magnéticas, que podem afetar gravemente as telecomunicações terrestres.
Uma medição incorreta do raio solar pode levar a conclusões erradas sobre a dinâmica e as camadas do Sol, o que poderia ter consequências importantes para a nossa preparação contra tempestades solares potencialmente prejudiciais.
Resultados diferentes, por quê?
"As inferências sismológicas dizem coisas relacionadas às reações nucleares, à composição química e à estrutura básica do Sol", explicaram Douglas Gough, da Universidade de Cambridge, e Masao Takata, da Universidade de Tóquio, à revista New Scientist.
Estes novos dados permitirão aos cientistas reinterpretar a inversão da velocidade do som no Sol, sugerindo que as camadas solares e a fotosfera podem não corresponder exatamente ao atual modelo padrão.
Por que esses métodos sonoros e visuais dão resultados diferentes? Os cientistas ainda não têm certeza, mas acreditam que isso pode estar relacionado ao ciclo solar, a variação na atividade que a nossa estrela experimenta aproximadamente a cada 11 anos.