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Atlantis completa última conexão da era das naves espaciais

Lucía Leal

Em Washington

11/07/2011 12h27

A Atlantis protagonizou neste domingo a última conexão espacial da era das naves, ao se acoplar com sucesso à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) e abrir passagem para seus quatro tripulantes à derradeira missão do programa da Nasa.

"A Atlantis chegou à Estação Espacial Internacional pela última vez", disse o americano Ron Garan, um dos três astronautas que vivem no complexo espacial, quando aconteceu a montagem às 12h07 (horário de Brasília).

"É genial estar aqui", respondeu o comandante da última missão da nave, Christopher Ferguson, que estava a cerca de 386 quilômetros sobre a costa leste da Nova Zelândia.

Pouco antes, Ferguson havia comemorado o fim dos dois dias de voo da Atlantis com uma espetacular cambalhota para trás, para que os astronautas pudessem tomar imagens da ISS com suas câmeras e comprovar que a carcaça exterior do complexo não apresentava danos.

A histórica missão, a 37ª que chega à ISS, preparará o complexo orbital para o fim da era das naves, com um total de 4 toneladas de comida, roupa e equipamentos necessários para manter a estação espacial durante um ano.

Assim que se abriram as comportas entre os dois complexos, às 13h47 (de Brasília), começou uma das cerimônias de boas-vindas mais emocionantes já vistas na estação espacial, com calorosos abraços, beijos e apertos de mão entre os quatro visitantes e os três habitantes permanentes do complexo.

"Não vou dizer que quase chorei, mas foi um momento muito forte para mim", disse do controle da missão em Houston (Texas) o diretor de voo da Atlantis, Kwatsi Alibaruho.

Lembrar onde começou o programa de naves e "tudo o que conseguiram" nos últimos 30 anos é "extremamente emocionante", afirmou Alibaruho em entrevista coletiva transmitida pela televisão.

A emoção foi desviada pouco depois pelas notícias do Departamento de Defesa de que um acúmulo de lixo espacial poderia se aproximar demais da estação espacial na terça-feira, quando os astronautas têm planejada uma caminhada espacial.

As equipes da Nasa estudavam neste domingo se a trajetória da peça, procedente do satélite Cosmos 375, obrigará uma manobra para movimentar ligeiramente o complexo e evitar um possível impacto, e esperam que uma decisão seja tomada na segunda-feira.

Além da carga necessária para abastecer a ISS, a Atlantis também leva ao laboratório do complexo um experimento para desenvolver vacinas contra doenças gastrointestinais que abrirá uma fase de investigação sobre o comportamento dessas bactérias em condições de microgravidade.

Por fim, transporta o experimento Robotic Refueling Mission (RRM), projetado para testar ferramentas, tecnologias e técnicas necessárias para reabastecer mecanicamente os satélites no espaço.

A tripulação, completada pelo piloto Dough Hurley e os especialistas Sandra Magnus e Rex Walheim, passará uma semana na ISS, em uma missão de 12 dias que a Nasa estuda estender para 13.

Em poucos dias, as naves serão peças de museu e será a iniciativa privada que se encarregará de abastecer a ISS, enquanto a Nasa se concentrará em alcançar novas metas no espaço.

Em entrevista concedida neste domingo ao programa "State of the Union" do canal "CNN", o administrador da Nasa, Charles Bolden, insistiu que os Estados Unidos seguirão sendo o líder na prospecção espacial.

"Recomendo os americanos a escutar o presidente. Ele marcou os objetivos: chegar a um asteroide em 2025, e a Marte em 2030. Isso é o mais definitivo que posso dizer", disse Bolden.