Austrália alerta para sérios impactos da mudança climática à saúde
A mudança climática terá sérias consequências para a saúde humana na Austrália durante as próximas décadas e causará um aumento do número de mortes, infecções e casos de ansiedade, advertiu um relatório oficial divulgado nesta quarta-feira no país.
O documento da Comissão de Mudança Climática do Governo australiano assinala que o aumento das temperaturas e do nível do mar contribuirá para a propagação de doenças como a dengue, enquanto os incêndios e a poluição terão um maior impacto sobre as doenças respiratórias, como a asma.
"A década crítica: Mudança Climática e Saúde" é o título do relatório, que indica que o calor é "um assassino silencioso" na Austrália, representando a principal causa de mortalidade vinculada à mudança climática no país.
Até o fim do século 21, por exemplo, espera-se que o número de dias com temperaturas que ultrapassem os 35 graus centígrados triplique na cidade australiana de Melbourne. A estimativa é que, em 2100, esse número chegue a 27 dias, enquanto Sydney registre 14 dias.
Segundo o documento, a mudança poderia afetar com mais intensidade a cidade de Brisbane, onde os dias com 35 graus se multiplicarão por 20 comparado aos registros atuais, até chegar aos 21 dias em 2100. A cidade de Darwin contabilizaria dez meses com esses níveis de temperatura no fim do século.
No pior dos cenários, calcula-se que as mortes decorrentes do calor aumentarão em 10% no norte australiano em 2100, segundo os dados do estudo.
Um dos autores do relatório, Lesley Hughes, afirmou à emissora local "ABC" que a mudança climática também deve provocar a proliferação de mosquitos portadores de doenças como a dengue, e "talvez um maior número de pessoas esteja exposto a esta doença".
A mudança climática também terá um efeito nas pessoas mais vulneráveis, como idosos e pessoas com doenças no coração e nos rins, assim como crianças e moradores de comunidades remotas, "principalmente os indígenas", indicou Hugues.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou nesta terça-feira um relatório na 17ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática, realizada na cidade sul-africana de Durban, onde explica que as temperaturas da Terra em 2011 são as mais altas registradas desde essas medições começaram a ser feitas, em 1850.
Segundo o cálculo provisório da OMM, durante 2011 (entre janeiro e outubro), a temperatura do ar na superfície da Terra e do mar se situou em 0,41 grau centígrado acima da média anual do período 1961-1990.
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