Entidade indígena expressa oposição a projeto de comércio de carbono
A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica, na sigla em espanhol), que reúne povos de nove países latino-americanos, advertiu nesta quinta-feira que o projeto Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) "não passará pelas terras indígenas" se não for estabelecido um novo marco legal.
Representantes das nações indígenas da Bacia Amazônica anunciaram seu posicionamento em entrevista coletiva concedida nesta quinta em Durban, cidade que acolhe a 17ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-17) de 28 de novembro a 9 de dezembro.
"O REDD precisa ser reestruturado para que o dinheiro vá diretamente para as comunidades indígenas e não para os mercados de carbono", afirmou o equatoriano Juan Carlos Jintiach, coordenador da área de cooperação econômica da Coica.
O programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) tem como objetivo monetizar a capacidade de absorção de CO2 por parte das florestas e servir de instrumento para os países em desenvolvimento na redução de emissões.
A ampliação do programa, que está sendo discutida em Durban, busca acrescentar elementos de proteção da biodiversidade e da gestão de florestas, bem como potencializar seu valor como armazenadora de CO2.
A Coica manifestou sua rejeição à "carbonização" das florestas, em referência aos mercados de redução de emissões carbono, e reivindicou um marco legal que reconheça a soberania de suas terras, e que inclua tanto o subsolo como a própria atmosfera.
As Nações Unidas consideram que o novo REDD poderá canalizar investimentos dos países desenvolvidos de cerca de US$ 30 bilhões anuais.
Em resposta, as nações indígenas trouxeram a proposta do "REDD Indígena" a Durban, um plano de conservação de florestas no qual os próprios povos são "analistas", afirmou Juan Carlos Jintiach.
"Os povos indígenas não veem a floresta como um escoadouro de carbono. Nós sabemos conservar as florestas, porque para nós sua defesa é a defesa de nossos próprios direitos como povo", acrescentou.
Edwin Vázquez, coordenador-geral da Coica, destacou que 25% da floresta amazônica fica no território de seus povos, e que apenas 2% deste total foi desmatado.
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