Canadá abandona protocolo de Kyoto para não pagar multas por suas emissões
O Canadá anunciou na última segunda-feira que vai abandonar o protocolo de Kyoto, poucas horas depois da conclusão da cúpula sobre a mudança climática de Durban, para não pagar as multas relacionadas ao descumprimento da redução de emissões poluentes.
Com a decisão, o país se torna o primeiro a abandonar o tratado depois de sua ratificação.
O ministro do Meio Ambiente do Canadá, Peter Kent, disse em entrevista coletiva que Kyoto não funciona. "Kyoto é passado para o Canadá. Invocamos o direito legal para nos retirar", declarou.
Kent justificou a decisão porque o Canadá não cumprirá em 2012 com a redução de emissões estipulada no tratado, de 6% abaixo das de 1990, e para evitar "a transferência a outros países" de 14 bilhões de dólares canadenses.
O ministro, que qualificou de "radical" o tratado que o Canadá assinou em 1997, acrescentou que para cumprir com seus compromissos com Kioto, o país deveria retirar nos próximos 12 meses "todo tipo de veículo" de suas estradas ou eliminar a calefação em todos os edifícios do país.
Kent também disse que o Canadá só está interessado em um pacto de redução de emissões se "todos os principais emissores" estiverem incluídos.
Desde que, em 2006, o Governo do Partido Conservador do primeiro-ministro Stephen Harper chegou ao poder, o Canadá expressou sua falta de interesse em cumprir o Protocolo de Kioto, especialmente para não afetar o desenvolvimento das jazidas petrolíferas da província de Alberta.
O setor considera que as jazidas de areias betuminosas constituem as segundas maiores reservas de petróleo do mundo, depois das da Arábia Saudita, e o Governo de Harper expressou a vontade de acelerar sua exploração.
Keith Stewart, da organização de defesa do meio ambiente Greenpeace, declarou à Agência Efe que a decisão do Canadá é "uma desgraça" e negou que o país estivesse obrigado a pagar uma multa por seu descumprimento.
Segundo Stewart, o Canadá poderia ter cumprido com os objetivos do Protocolo de Kioto comprando emissões no valor de 7 bilhões de dólares canadenses, não os 14 bilhões de dólares assinalados pelo Governo em Ottawa.
Por fim, Stewart assinalou que a decisão do Governo canadense, embora esperada há algum tempo, "é um insulto aos países em desenvolvimento, que um dos países mais ricos do mundo não cumpra seu compromisso".
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