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Cientistas pedem inclusão de agricultura em negociações de mudança climática

Em Washington

20/01/2012 10h45

Um grupo de especialistas em agricultura pediu, em artigo publicado pela revista "Science", que os cientistas promovam as bases para uma ação "mais decisiva" sobre a segurança alimentar mundial nas negociações sobre mudança climática.

"A agricultura mundial está sendo afetada pela mudança climática e, em menos de 15 anos, a população mundial aumentará em 1 bilhão de pessoas", adverte o cientista John Beddington, um dos autores do trabalho e assessor do governo britânico.

O artigo intitulado "What Next for Agriculture After Durban" enfatiza a necessidade de que os políticos e governos trabalhem juntos e "com rapidez" na elaboração de um sistema alimentar mundial sustentável.

Os autores reivindicam a integração da agricultura no processo de negociação da mudança climática, que, para eles, ocorreu de forma lenta e afeta principalmente a população dos países em vias de desenvolvimento.

Seu objetivo é ressaltar a urgência de ações para enfrentar a mudança climática, que representa uma ameaça para a agricultura - fonte de subsistência de muitos desses países - e para a segurança alimentar do planeta.

Neste sentido, eles destacam a necessidade de uma "pesquisa mais integrada" focada nas práticas agrícolas sustentáveis, que sejam adequadas para as "diferentes regiões, sistemas de cultivo e paisagens", especialmente nos países em desenvolvimento, onde se espera que a mudança climática imponha os maiores desafios.

O objetivo, segundo o trabalho, é criar um "espaço operacional seguro" em que os agricultores possam produzir alimentos suficientes para satisfazer as necessidades mundiais, ao mesmo tempo em que se adaptam às distintas tensões climáticas e minimizam o impacto ambiental na produção de alimentos.

A plataforma de Durban é o nome do conjunto de acordos obtidos na 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-17), realizada entre 28 de novembro e 11 de dezembro do ano passado na cidade sul-africana de Durban. Ela inclui um segundo período do Protocolo de Kioto, mecanismo que deve reger o Fundo Verde para o Clima e um roteiro para um novo acordo global

A COP-17 inicia um roteiro, proposto pela União Europeia (UE), para a adoção de um novo acordo global vinculante de redução de emissões de gases do efeito estufa, aplicável a todos os países, ao contrário de Kioto, que só inclui os países desenvolvidos.

Durban fixa a data de início do segundo período de compromisso para 2013, com o que se evita um vazio na luta contra a mudança climática, mas deixa para reuniões posteriores sua data de finalização, 2017 ou 2020.

O aumento de metas de redução de emissões que devem ser realizadas pelos países desenvolvidos se posterga para 21 de junho de 2012 e será avaliado na COP-18, no Catar.