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Maior observatório do mundo, ALMA é inaugurado no Chile

Em São Pedro de Atacama, Chile

13/03/2013 17h24

O observatório ALMA (Atacama Large Millimeter Array), o maior complexo astronômico do mundo, foi inaugurado oficialmente nesta quarta-feira no norte do Chile, desde onde permitirá decifrar os mistérios do universo, da origem do cosmos à formação de planetas e estrelas.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, e o diretor do ALMA, Thijs de Graauw, deram início às operações desde o centro de apoio, situado a 2.900 metros de altura e a cerca de 40 quilômetros da cidade de São Pedro de Atacama.

Desde ali, fez o primeiro contato ao vivo com o Plano de Chajnantor, a 5.200 metros de altitude, onde se encontram as antenas que se movimentaram ao uníssono para apontar diretamente rumo ao centro de nossa galáxia, a Via Láctea.

"É sem dúvida o maior radiotelescópio do mundo e vai nos permitir expandir as fronteiras do conhecimento e entrar nos segredos da origem e do destino do universo", ressaltou Piñera, que parafraseou a famosa frase pronunciada por Neil Armstrong quando chegou na Lua.

"Os desafios do ALMA estão na aceleração e na expansão do universo e em como se formam as galáxias e planetas. O ALMA também vai nos ajudar a entender a química do universo de maneira exaustiva", afirmou por sua vez Ryohei Kawabe, cientista chefe do observatório.

Este complexo astronômico, que conta atualmente com 57 de suas 66 antenas já instaladas, é fruto de uma associação entre a América do Norte, Ásia do Leste e Europa, que investiram um total de US$ 1,4 bilhão em sua construção.

Estes radiotelescópios não captarão a luz visível, mas as ondas milimétricas e submilimétricas, por isso que podem trabalhar dia e noite e serão capazes de penetrar nas nuvens de pó, até onde em muitas ocasiões os telescópios normais não podem ver.

Isto permitirá descobrir os enigmas do universo e como se formam os planetas e as estrelas que nascem nessas concentrações de poeira.

Além disso, as antenas do ALMA, 54 delas de 12 metros de diâmetros e outras 12 de sete metros, funcionam como um interferômetro gigante e podem ser desdobradas até dentro de um diâmetro de 16 quilômetros no Plano de Chajnantor.

Este inóspito lugar, situado no deserto mais árido do mundo, foi eleito por seu clima extremamente seco, já que o vapor de água absorve a luz das ondas milimétricas e submilimétricas e distorce os sinais que chegam do espaço.

Além disso, ao estar situado próximo da linha do equador, o ALMA pode observar grande parte do universo.

A informação de que suas antenas captam são combinadas e processadas no chamado correlacionador, um computador gigante desenhado especialmente para o ALMA, considerado o mais potente do mundo, com uma capacidade similar a de três milhões de computadores normais.

Este observatório foi concebido nos anos 80 a partir de três projetos separados de europeus, norte-americanos e asiáticos, que confluíram nos anos 90 e foram concretizados no início desta década, lembrou por sua parte o vice-ministro japonês Teru Fukui.

Em 2003, sua construção foi iniciada, em 2009 foi instalada a primeira antena do ALMA e em outubro de 2011, foram iniciadas suas primeiras operações científicas formais com um terço de sua capacidade operacional.

Entre elas, segundo explicou Kawabe, está o achado de moléculas de açúcar em uma estrela de tipo solar, o estudo do gás molecular e a imagem de uma estrela que expulsa material enquanto vai morrendo.

Além disso, graças às observações feitas no ALMA, uma equipe de astrônomos descobriu que as explosões de formação estelar mais potentes do cosmos tiveram lugar 1 bilhão de anos antes do que se pensava, segundo anunciou hoje mesmo.

Algumas autoridades estiveram presentes da cerimônia de inauguração, retransmitida pela Internet e que incluiu um contato com dois astronautas desde a Estação Espacial Internacional, como o ministro de Ciência e Pesquisa da Áustria, Karlheinz Töchterle, e as titulares de Educação da República Tcheca, Petr Fiala, e de Portugal, Nuno Crato.

Com este observatório, o Chile soma 60% da capacidade de observação do universo desde a Terra e, segundo Piñera, este país se transformou "praticamente" na capital da astronomia, o que permitirá impulsionar o turismo astronômico e a ciência e inovação no país.