Diretor do CERN diz estar "muito contente" com Nobel de Higgs e Englert
O diretor-geral do Centro Europeu de Física de Partículas (CERN), Rolf Heuer, afirmou nesta terça-feira (8) estar "muito contente" pela concessão do Nobel de Física a Peter Higgs e a François Englert por postularem a existência da partícula subatômica conhecida como bóson de Higgs.
O que é bóson de Higgs?
O bóson de Higgs é uma partícula subatômica considerada uma das matérias-primas básicas da criação do Universo. Diferente dos átomos, elas não têm nenhum elemento em sua composição. Elas são importantes por darem respaldo a teoria do Modelo Padrão, que explica como outras partículas ganham massa. Segundo essa tese, o Universo foi resfriado após o Big Bang, quando uma força invisível (Campo de Higgs) formou-se junto de partículas associadas, os bósons de Higgs, transferindo massa para outras partículas fundamentais
Heuer disse se tratar de uma "muito boa notícia" para o CERN que, após quase trinta anos de pesquisa, provou há um ano a existência da partícula, mesmo que o prêmio não tenha recaído sobre eles.
"Teria sido fantástico que o prêmio fosse para nós, mas de algum modo é também um reconhecimento ao nosso trabalho", disse Heuer a Agência Efe, após uma entrevista coletiva na qual felicitou "de coração" os dois agraciados, que em 1964 projetaram separadamente uma teoria que apontava a existência da partícula subatômica, a partícula de Deus.
"A breve explicação sobre o Nobel tem três linhas, e nelas o CERN é mencionado como o centro que provou a existência do bóson e, honestamente, acho que é maravilhoso", ressaltou.
"Sua alegria" pelo Nobel, disse, é compartilhada por muita gente que trabalha no CERN, que "recebeu a notícia com gritos, aplausos e brindaram com champanhe".
Para ele se trata de um prêmio para "a ciência fundamental", a física de partículas, que recaiu sobre dois indivíduos "porque é impossível reconhecer o trabalho de mais de mil pessoas implicadas" nos dois projetos do CERN - CMS e ATLAS, que trabalharam desde 1984 de maneira paralela, embora independente, para verificar as teorias de Higgs e Englert.
Para comprovar a teoria, o CERN se dedicou a construção do Grande Colisor de Hádrons (LHC) - ou acelerador de partículas, onde os experimentos do CMS como de ATLAS acharam ano passado evidências que a partícula observada nas colisões entre a matéria era consistente com a colocada por Higgs.
À esta partícula se atribui a propriedade de atrair e manter juntas as partículas elementares que constituem a matéria visível do Universo.
O porta-voz do projeto CMS, Joe Incandela confessou alguma decepção ao saber que o Nobel não incluía o CERN, mas afirmou que o objetivo é "seguir trabalhando" para fazer novos descobrimentos que facilitem a compreensão do Universo e da matéria.
"Ainda há 95% do trabalho por fazer. Todos os grandes descobrimentos têm como contrapartida abrir a porta a um sem-fim de novas incógnitas que temos que tentar dar resposta", indicou.
Com o funcionamento do acelerador de partículas de novo em 2015 - parado desde fevereiro para melhorias técnicas - a uma velocidade muito superior à qual vinha fazendo até agora, se abrem as portas ao descobrimento de outras novas partículas.
"Poderão ser pesquisadas mais partículas mais pesadas, que até agora não se puderam ser investigadas", explicou a Efe o responsável pela operação CMS, Maria Chamizo.
Para esta investigadora espanhola, um dos grandes desafios será descobrir as partículas super-simétricas, que até agora nunca foram vistas, e que integram a matéria escura, que representa 95% do Universo.
"Quero pensar que outros descobrimentos estão próximos e que não precisaremos demorar 50 anos, como aconteceu com o Bóson de Higgs. Estamos preparados para conseguir avanços mais rápido" disse Chamizo.
Ganhadores do Nobel de Física nos últimos 10 anos
2013 | Petter Higgs (Reino Unido) e François Englert (Bélgica) |
2012 | Serge Haroche (França) e David Wineland (EUA) |
2011 | Saul Perlmutter (EUA), Adam Riess (EUA) e Brian Schmidt (EUA/Austrália) |
2010 | Andre Geim (Holanda) e Konstantin Novoselov (Rússia/Reino Unido) |
2009 | Charles Kao (EUA/Reino Unido), Willard Boyle (EUA/Canadá) e George Smith (EUA) |
2008 | Yoichiro Nambu (Estados Unidos), Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa (Japão) |
2007 | Albert Fert (França) e Peter Grunberg (Alemanha) |
2006 | John C. Mather (Estados Unidos) e George F. Smoot (Estados Unidos) |
2005 | Roy J. Glauber (EUA), John L. Hall (EUA) e Theodor W. Hansch (Alemanha) |
2004 | David J. Gross, H. David Politzer e Frank Wilczek (Estados Unidos) |
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