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Nobel da Medicina diz que restrições migratórias prejudicam a ciência

Em Londres

07/10/2014 05h39

O cientista americano John O'Keefe, eleito na segunda-feira (6) o novo Prêmio Nobel de Medicina, alertou o governo do Reino Unido nesta terça-feira que suas restrições à imigração danificam a ciência.

Em entrevista à "BBC", O'Keefe, que trabalha no University College de Londres, disse que o atual sistema "é um obstáculo muito grande" na hora de contratar novos cientistas e que as proibições de investigar com animais são um problema.

O americano e os colegas noruegueses May-Britt Moser e Edvard I. Moser receberam o Nobel pelo descobrimento das "células que constituem o sistema de posicionamento do cérebro", algo que concluíram através de ratos.

Em seu atual cargo como diretor do novo Centro Wellcome Sainsbury para a pesquisa de circuitos neuronais e comportamento, o especialista deve contratar cerca de 150 neurocientistas.

"Sei muito bem o que é preciso fazer para introduzir gente no Reino Unido e passar pela imigração. Não digo que seja impossível, mas talvez devêssemos fazer com que o Reino Unido seja um lugar mais aberto", afirmou.

O primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, prometeu reduzir a menos de 100 mil pessoas a imigração anual líquida em 2015, que é mais de 200 mil na atualidade.

"A ciência é internacional, os melhores cientistas podem vir de qualquer parte, daqui do lado ou de um povo em um país de qualquer parte do mundo, temos que facilitar as coisas", disse.

O especialista ressaltou que isso é necessário para que o Reino Unido possa manter o nível atual de pesquisa de ponta, assim como manter a flexibilidade quanto a certos experimentos com animais.

"É um fato indiscutível, se quisermos fazer progressos em áreas básicas da medicina e a biologia vamos ter de usar animais. Existe a preocupação que com a nova regulação possa começar a ser mais difícil ", analisou, em alusão a medidas previstas para reduzir o uso de animais em ciência.

Em resposta às declarações de O'Keefe, um porta-voz do Ministério do Interior garantiu que, "apesar de o governo não ter aplicado medidas duras contra os abusos (de imigração), o número de pessoas verdadeiramente qualificadas que vêm ao Reino Unido para preencher vagas aumentou".