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Formas parecidas com rosto humano atraem bebês, até mesmo dentro do ventre

Vídeo de bebê apaixonada pela mãe fez sucesso nas redes sociais - Reprodução
Vídeo de bebê apaixonada pela mãe fez sucesso nas redes sociais Imagem: Reprodução

Em Washington

08/06/2017 15h45

A preferência dos bebês pelas formas similares à do rosto humano parece estar presente desde antes do nascimento, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira na revista "Current Biology".

Neste trabalho, pesquisadores do Reino Unido projetaram imagens a fetos dentro do ventre da mãe e estes reagiam perante as que pareciam um rosto.

A atração que os bebês sentem pelos rostos era conhecida, mas este estudo traz a primeira evidência de que esta preferência se origina já no ventre materno.

"Até agora, pudemos explorar o uso de todos os sentidos do feto, exceto a visão. Isto inclui tato, paladar, olfato, equilíbrio e audição. Mas agora podemos avançar na compreensão da visão", disse à Agência Efe Vincent Reid, pesquisador da Universidade Lancaster e um dos realizadores do estudo.

Na pesquisa, os cientistas analisaram as respostas de 39 fetos de 34 semanas de gestação a padrões de luz que pareciam um rosto projetado no seu campo de visão dentro do ventre.

Ao mesmo tempo, viam as reações dos fetos utilizando um ultrassom 4D, o que permitiu ver que os bebês em desenvolvimento giravam suas cabeças com maior frequência quando o estímulo parecia um rosto.

"A nossa investigação mostra que o feto responde à informação visual", explicou Reid.

Não só isso: o estudo, segundo Reid, também mostra que os fetos respondem ativamente ao entorno, pois nos testes realizados, estes movimentavam a sua cabeça para olhar por mais tempo as formas que pareciam um rosto.

"É o mesmo resultado que temos com os recém-nascidos. Portanto, esta preferência para olhar estas formas não se deve às experiências que acontecem após o nascimento", considerou Reid.

Pelas dúvidas, o cientista também aconselha às mães que não tentem projetar luzes, pois isto pode ser agoniante para o bebê.

"Nós ajustamos a quantidade de luz segundo a grossura do tecido materno, para que não fosse muito brilhante. Usamos modelos para saber a quantidade de luz que normalmente entra no útero e baseamos a força da nossa luz no que é normal para o feto. Uma luz forte não é aconselhável, pois pode causar dano", explicou Reid.

Agora os pesquisadores querem saber se os fetos podem também discriminar números e quantidades.

"Isto é algo que os recém-nascidos podem fazer. Se os fetos também podem, isso nos diria muito sobre as capacidades cognitivas fetais", acrescentou o especialista.