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Futurecom debate ameaça do avanço tecnológico a segurança e privacidade

16/10/2018 23h15

São Paulo, 16 out (EFE).- O avanço das novas tecnologias e a ameaça que pode representar para a segurança e a privacidade dos usuários foi tema de debate nesta terça-feira na 20ª edição da Futurecom, o maior evento de tecnologia e telecomunicações da América Latina, realizado em São Paulo.

Os riscos e desafios das novas tecnologias foram abordados em um talk show com dois membros sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), a maior organização profissional voltada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade.

Entre os principais desafios, segundo o engenheiro André Gradvohl, está a "conscientização do usuário" diante da crescente exposição de dados de maneira virtual, o que pode se transformar em um risco em diversos níveis.

"Alguns aplicativos oferecem benefícios em troca de dados, mas o usuário tem que refletir se vale a pena disponibilizá-los para esse aplicativo e se questionar o que esse aplicativo faz com eles. Eles serão passados a terceiros? Serão para uso interno?", questionou.

Um dos principais riscos, segundo o engenheiro, é "ter um perfil traçado por várias empresas" capazes de dirigir os usuários para determinadas ações graças ao conhecimento adquirido com a compilação de dados.

Raul Colcher, também membro do IEEE e participante do debate na Futurecom, afirmou que a regulação da proteção de dados, aprovada no Brasil e em outros países, como os da União Europeia, contribuiu para a conscientização dos usuários.

Em meio ao avanço sem freio da tecnologia, a inteligência artificial, capaz de imitar o comportamento humano, apresenta cenários "promissores", mas também um "desafio social enorme", segundo os especialistas.

"No caso da inteligência artificial, conforme se avança nos dispositivos, há um componente de risco sistemático. À medida em que conversamos, estamos passando dados de maneira despercebida, e os dados podem ser usados de maneira que não suspeitamos", alertou Colcher.

Por sua vez, Gradvohl disse que o "mimetismo" entre as máquinas equipadas com inteligência artificial e os usuários facilita que as pessoas "se sintam à vontade na hora de compartilhar alguns dados", comprometendo a segurança.

Para garantir a transmissão segura de dados através da Internet das Coisas (IoT), a IEEE propõe a implementação de mecanismos de controle de acesso, como biometria, assinatura digital ou mecanismos criptográficos que garantam que as mensagens trocadas entre dispositivos não sejam decodificadas caso sejam interceptadas por terceiros.

Aberta na segunda-feira e realizada até quinta (18) no São Paulo Expo, a Futurecom tem 300 conferencistas e reune as principais operadoras do país, além de exibições de IoT em vários setores, entre outras atividades.