Celulares atuais são muito mais potentes que computador de bordo da Apollo 11
Noemí G. Gómez.
Redação Central, 16 jul (EFE).- A viagem de Neil Armstrong e Buzz Aldrin à superfície da Lua em 1969 foi um momento histórico para a humanidade, mas também um marco científico e tecnológico: quase tudo teve que ser descoberto, desenvolvido e testado em uma missão que teve, entre seus pontos fundamentais, a miniaturização de seus componentes.
A Apollo 11 da Nasa tinha a tecnologia mais avançada da época, graças a um incentivo e investimento "selvagem", segundo analistas consultados pela Agência Efe, que concordam que, embora não se possa comparar a tecnologia de agora e a de 50 anos atrás, conceitualmente não há muitas diferenças.
"Todos os conceitos continuam sendo usados hoje", ressaltou Félix Pérez Martínez, diretor da Escola Técnica Superior de Telecomunicação da Universidade Politécnica de Madri.
Segundo Pérez Martínez, comparada com os usados na atual Estação Espacial Internacional - a mais parecida com uma viagem à Lua - os sistemas da Apollo 11 são conceitualmente muito parecidos.
O desenvolvimento tecnológico atual, porém, é muito mais poderoso. Tarefas complicadas para a Apollo 11, como estabelecer com precisão onde a nave estava localizada e garantir as comunicações a longa distância, são agora simples de serem executadas.
Se Armstrong, Aldrin e Michael Collins - que ficou orbitando a Lua no módulo de comando - só conseguiram mandar alguns dados de telemetria e um sinal de vídeo de baixa resolução, em preto e branco, atualmente as naves conseguem enviar milhares de imagens de alta resolução em poucos segundos.
Javier Gómez-Elvira, do Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial (INTA), de Madri, concorda com Pérez Martínez: a tecnologia mudou muito pouco conceitualmente, mas evoluiu exponencialmente. Para explicar os avanços, o especialista comparou as naves a carros. Antes e agora, os veículos têm quatro rodas e um motor, mas as diferenças são enormes entre eles.
A missão foi um desafio tecnológico que desencadeou a criação de dezenas de equipamentos de informática.
"Quase tudo precisava ser descoberto e testado, como os computadores de bordo. Foi uma corrida tecnológica e ideológica como nunca se viu antes ou depois", apontou Didier Schmitt, da Agência Espacial Europeia (ESA).
Embora qualquer celular de hoje seja muito mais potente que os computadores da Apollo 11, a tecnologia de então permitiu o desenvolvimento de máquinas com componentes que eram muitos menores que as válvulas, a tecnologia eletrônica usada até então em computadores e nos sistemas de comunicação.
Isso permitiu que o computador com 30 quilos e memória RAM capaz de armazenar apenas 2.048 palavras, capacidade 100 mil vezes menor que a de um smartphone, fosse instalado na nave.
Outra das grandes diferenças entre o computador 50 anos atrás e os de agora é que muitas coisas precisavam ser feitas manualmente na missão Apollo 11. Gómez-Elvira lembra, por exemplo, que Armstrong teve que manobrar o módulo lunar manualmente a partir de uma altura de 335 metros.
Também há grandes diferenças quanto à segurança, Segundo Schmitt, o risco de morte na Apollo era de cerca de 50%.
"Ocorre o mesmo com a indústria automobilística se a comparamos com a dos anos 60: hoje em dia temos 'airbags', cintos de segurança, freio ABS, etc. Assim como nos voos espaciais tripulados, agora temos 99% de segurança em cada voo", como explica o especialista.
Schmitt e Markus Landgraf, também da ESA, concordam que os momentos mais críticos da missão Apollo 11 foram o lançamento, como em qualquer missão espacial, e a aterrissagem.
Para Landgraf, do programa de exploração humana e robótica da ESA, o programa Apollo, além de tecnológico, foi um marco científico, já que contribuiu significativamente para a compreensão do Sistema Solar e da formação da vida na Terra. EFE
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