Deusa grega da caça batiza missão americana que irá à Lua em 2024
Carmen Rodríguez.
Redação Central, 16 jul (EFE).- Os Estados Unidos planejam voltar à Lua em 2024, quando uma mulher deverá pisar pela primeira vez no satélite natural da Terra. O objetivo da nova viagem, no entanto, não é que a missão seja de ida e volta, como há 50 anos, pois a principal meta do programa Artemis é estabelecer uma presença permanente na Lua, com os olhos voltados para o próximo alvo: Marte.
O ano de 2024 não está tão longe assim. Para cumprir os prazos, a Nasa terá que acelerar o desenvolvimento da tecnologia necessária e realizar em cinco anos várias missões prévias, algumas delas tripuladas.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou em março que o retorno à Lua em cinco anos é uma "política de Estado" do governo do presidente Donald Trump.
Por isso, pediu à Nasa que considere "todas as opções e plataformas disponíveis" para alcançar esse objetivo, "incluindo o governo e toda a indústria espacial americana".
A Nasa decidiu batizar o novo programa em referência a Ártemis, que na mitologia grega é a deusa da caça, das florestas e dos animais e irmã gêmea de Apolo, que deu nome ao programa espacial que levou dois homens à Lua em 1969.
"Desta vez, quando chegarmos à Lua, vamos ficar. E usaremos o que aprendermos para dar o próximo grande salto: enviar astronautas a Marte", disse o administrador da Nasa, Jim Bridenstine.
O primeiro objetivo na Lua será o Polo Sul, onde a Nasa acredita que existem milhões de toneladas de gelo que podem ser extraídas e purificadas para a obtenção de água, para separar o oxigênio e utilizá-lo na respiração, e também o hidrogênio para conseguir combustível para foguetes.
No entanto, antes de chegar até lá, os EUA precisam desenvolver o novo equipamento, como o Sistema de Lançamento Espacial (SLS, na sigla em inglês), o foguete mais potente já criado pela Nasa para enviar tripulações ao espaço sideral.
Trata-se de um foguete com capacidade para 26 toneladas de peso e que possibilitará, em uma só missão, enviar à Lua grandes carregamentos e a cápsula Orion, que pode transportar quatro astronautas, oferecer todo o apoio necessário e trazê-los de volta à Terra.
Todos os centros da Nasa e mais de mil empresas americanas trabalham no SLS atualmente, e ainda é necessário terminar de construir a cápsula Orion. Alguns testes já foram realizados, o mais recente há poucos dias, para verificar um sistema de emergência caso uma missão tenha que ser abortada.
Tudo isso precisa estar pronto até 2020, ano escolhido pela Nasa para o desenvolvimento da missão Artemis 1, quando a cápsula Orion será lançada pelo SLS em um voo de teste não tripulado à órbita lunar.
Se der certo, serão necessários dois anos até a realização de uma missão pilotada (Artemis 2) que orbitará a Lua, algo que não ocorre há meio século.
Também seria necessário enviar em 2020 o primeiro elemento da Gateway, uma pequena estação espacial que orbitará a Lua e funcionará como base entre a Terra e o satélite natural.
A instalação permitirá descer à superfície lunar com alunissadores reutilizáveis e, futuramente, será um ponto intermediário para missões mais distantes.
A Gateway é fruto de uma parceria internacional, na qual estão envolvidos os países que compartilham a atual Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
A intenção é que em 2024, quando uma mulher e um homem deverão pisar na Lua, a Gateway auxilie a presença de seres humanos, embora a previsão é que a plataforma só estará totalmente concluída em 2028.
Para 2023, a Nasa planeja colocar na Lua um robô que, entre outras atividades, proporcionará conhecimento sobre como usar o gelo subterrâneo.
Estabelecer uma presença permanente na Lua e embarcar em longas viagens, como para Marte, tornará cada vez mais importante a fabricação de materiais e produtos com os recursos locais disponíveis.
Tudo isso faz parte de um projeto que pode custar entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões em cinco anos, segundo Bridenstine. Para 2020, Trump propôs ao Congresso destinar mais US$ 1,6 bilhão ao orçamento da Nasa, que passa de US$ 21 bilhões. EFE
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