Elon Musk, Twitter e superaplicativo: por que bilionário quer criar app 'X'
Elon Musk está disposto a comprar o Twitter para não enfrentar um julgamento em Delaware, marcado para o próximo dia 17, e já começa a virar a visão de que a rede social possa ser um problema: após a confirmação do negócio, Musk comentou em sua conta no próprio Twitter que esse é um movimento que pode acelerar a construção de um "superapp" chamado por ele de "X".
A ideia do bilionário é criar um modelo semelhante ao do chinês WeChat - um superaplicativo, como são conhecidas essas plataformas -, que reúne características de redes sociais, mensageiro e app de banco.
O projeto não é novo para o bilionário. Antes de sinalizar a primeira intenção de compra do Twitter, em abril, Musk já havia falado de sua ideia de criar uma rede social própria, alegando priorizar que os usuários fossem mais "livres" para publicar suas opiniões.
Uma das motivações do dono da Tesla para criar a rede, batizada de "X.com", ficou explícita após o Twitter banir a conta do ex-presidente dos EUA Donald Trump, depois de publicações de desinformação sobre a covid-19 e incitação aos atos no Capitólio em 6 de janeiro de 2020.
Depois de publicar sua ideia no Twitter, um seguidor do bilionário perguntou se não seria mais fácil apenas criar uma rede social do zero. "(A compra do) Twitter provavelmente acelera (a construção da) X entre 3 e 5 anos, mas posso estar errado", respondeu Musk.
Após atritos públicos que resultaram no processo na Corte de Delaware, nos EUA, a confirmação da transação na tarde da última terça-feira fez os papéis da empresa subirem 22%, a US$ 52 por ação - próximo do valor oferecido por Musk, de US$ 54,40 por ação.
Pedra no caminho
Um dos desafios do Twitter, hoje, é manter uma proposta de monetização para seus usuários na plataforma. Consideravelmente menor do que apps como Instagram, Facebook e TikTok, o site ficou "parado no tempo" em relação ao que as empresas de tecnologia e mídia social estavam propondo aos seus usuários e influenciadores.
Alguns movimentos foram feitos nos últimos anos para tentar reverter esse quadro: a adição de uma assinatura paga, o Twitter Blue, com ferramentas exclusivas, caixinhas de gorjetas, monetização de newsletter e entradas pagas para salas no Espaços, canal de conversas em áudio da plataforma.
Ainda assim, a rede social segue distante dos recursos de outras plataformas, principalmente em relação a parcerias com publicidades pagas. "Para Musk, a ironia é que a parte fácil deste acordo foi comprar o Twitter, a parte difícil será corrigi-lo com monetização e engajamento de assinantes, um grande problema para o Twitter na última década", diz Dan Ives, analista da empresa de investimentos americana Wedbush.
A negociação entre Musk e Twitter havia sido suspensa após o bilionário desistir da compra da empresa, alegando inconsistência nos dados divulgados pela companhia a respeito de contas de spam na plataforma. Segundo o Twitter, apenas 5% de suas contas ativas monetizáveis poderiam ser consideradas bots - o empresário diz que esse porcentual é de 20%.
Processo
O processo, movido em julho pelo Twitter, visa a forçar Musk a cumprir a oferta que fez em abril deste ano pela empresa, de US$ 44 bilhões, ou US$ 54,20 por ação. Um dos pedidos da companhia no processo é para que esse valor seja mantido.
Do outro lado, Musk tentava se livrar do acordo de compra e da multa rescisória de US$ 1 bilhão, estipulada em contrato em caso de desistência do negócio. O argumento dele para fugir da multa é de que o Twitter não foi transparente sobre o número de contas falsas na plataforma. A equipe de Musk pediu à empresa que fornecesse dados para uma investigação independente, e alegou que a plataforma não ofereceu informações suficientes.
A disputa foi parar na Justiça, mas o novo acordo pela compra deve livrar Musk do julgamento que ocorreria no próximo dia 17 e seria perigoso para sua imagem como empresário de tecnologia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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