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Bulas de remédios terão letras maiores para facilitar leitura

Do UOL Ciência e Saúde*<br>Em São Paulo

09/09/2009 15h54

As dificuldades para ler a bula do remédio que o médico receitou podem acabar em breve. Uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina que todos os laboratórios terão de fornecer bulas com letras maiores do que o tamanho atual nas caixas dos medicamentos. As novas regras foram publicadas nesta quarta-feira (9) no Diário Oficial da União e já começaram a valer hoje.

O objetivo da resolução é facilitar a leitura dos pacientes e obrigar as empresas a darem informações mais claras sobre quantidade, características, composição e apresentação dos medicamentos. As bulas também devem explicar qual deve ser a idade mínima do paciente para tomar o medicamento com segurança. Além disso, versões das bulas em Braille e em áudio terão de ser fornecidas para pessoas que têm deficiência visual.

A indústria farmacêutica tem até janeiro de 2011 para se adequar. O fabricante que não estiver de acordo com as regras até esta data será autuado por infração sanitária. A empresa poderá ser notificada ou interditada, e condenada a pagar multa de R$ 2.000 a R$ 1,5 milhão, de acordo com a Anvisa.

 


Veja como ficarão as bulas para pacientes em tamanho grande aqui (versão em PDF)



Segundo as novas regras, as bulas terão de ser impressas usando a fonte Times New Roman, tamanho 10, que tem em média 2,3 mm de altura. Atualmente, as letras usadas têm de ter pelo menos 1,5 mm. Além disso, também será obrigatório ter uma bula em formato especial impressa com letras ainda maiores, do tipo Verdana 24, para pessoas com problemas na vista.

A bula do paciente será organizada em formato de perguntas e respostas, que responderão às principais dúvidas sobre o remédio, como as indicações e contraindicações. As especificações técnicas sobre princípios ativos, que usam termos complicados e jargões da área de saúde, serão publicados somente na bula do médico. Cada caixa de medicamento virá com uma das duas versões da bula, e a outra estará disponível para consulta no site da Anvisa.

Além disso, um medicamento que estiver nas prateleiras das farmácias em forma de xarope e em forma de comprimidos também terá de oferecer uma bula diferente para cada um dos formatos.

Uma resolução anterior da agência, de 2003, já determinava que os laboratórios deveriam oferecer bulas diferentes para paciente e profissionais de saúde.

Já para obter as bulas em Braille, em áudio e também no formato especial com letras grandes, o paciente terá de ligar para o serviço de atendimento ao consumidor do laboratório que produz o remédio e pedir.

Outra novidade é o alerta de doping para atletas. Segundo a Anvisa, os fabricantes terão de avisar caso alguma substância usada na composição do remédio possa aparecer como doping em testes que seguem as regras do Comitê Olímpico Internacional.

 

BULA DE REMÉDIO: O QUE DIZEM NAS RUAS
"Não entendo muito bem o que tem na bula. Às vezes os médicos falam uma coisa e acontece outra. Esses dias comprei um remédio para o meu filho de 9 meses e ele piorou".
Gilson de Araújo, 32, pintor
"Leio as contraindicações, os efeitos colaterais, mas não entendo tudo. Às vezes é difícil até entender a dosagem. A letra pequena não faz diferença pra mim, mas dificulta a leitura para pessoas mais velhas, ou que tem algum problema na vista. Algumas bulas já vêm com letras maiores, seria bom que todos os remédios se adaptassem".
Lilian Almeida, 22, estudante de arquitetura
"Sempre leio a bula. Entendo Quase tudo, mas vai muito do remédio. Às vezes colocam um efeito colateral que deixa a gente em dúvida se deve tomar, mas hoje em dia é tudo assim: conserta uma coisa e estraga outra".
Pedro Antônio Figuereido, 63, taxista
"Sempre tem coisa que assusta nos efeitos colaterais, como problema de coração e diarreia. E a letra pequenininha atrapalha bastante".
Cristina de Macena, 39, atendente



*Com informações da Agência Brasil