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Lula diz que países devem mudar matriz energética

Paula Laboissière

Da Agência Brasil <br>Em Brasília

07/12/2009 08h12

Depois de visitar Portugal, a Ucrânia e Alemanha na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (7) que os países terão que mudar suas matrizes energéticas e que o novo combustível "já tem endereço", referindo-se ao etanol e ao biodiesel brasileiro.

Em seu programa semanal Café com o Presidente, ele lembrou que, na Ucrânia, participou de reunião com empresários e que o mesmo ocorreu na Alemanha - onde o destaque foi a discussão sobre biocombustíveis.

Lula afirmou que a União Europeia se comprometeu a fazer com que todos os automóveis utilizem 10% de etanol na gasolina até 2020 e que, para isso, vai precisar comprar o produto. "A Alemanha, embora produza biodiesel, não pode continuar produzindo do alimento. É melhor que a gente procure outra oleaginosa que não seja alimento e o Brasil é o país que oferece grandes oportunidades", acrescentou.

Assunto do momento
O presidente Lula afirmou ainda que a mudança climática é "o tema do momento". No dia em que começa a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), ele avaliou que o Brasil está "em boa situação" por ter apresentado voluntariamente uma proposta de redução de emissão de gases de efeito estufa.

Até o próximo dia 18, negociadores de mais de 190 países vão buscar um consenso sobre o novo acordo climático para complementar o Protocolo de Quioto depois de 2012. Além de governos, participam do evento representantes de organizações não governamentais, observadores internacionais e ativistas de todo o mundo.

Em seu programa semanal Café com o Presidente, Lula lembrou que o assunto foi discutido durante toda a semana em suas visitas a Portugal, à Ucrânia e Alemanha. Ele voltou a afirmar que a decisão brasileira de reduzir entre 26,1% e 18,9% as emissões até 2020 abriram caminho para que países como os Estados Unidos e a China também apresentassem propostas.

"Achamos que os países vão se colocar de acordo porque é preciso ter um número para diminuir as emissões, é preciso ter financiamento para o sequestro de carbono, e, sobretudo, é preciso ter financiamento para que a gente ajude os países pobres a terem um desenvolvimento sustentável, mas sólido. Temos que tomar uma decisão agora e começar a trabalhar para diminuir o aquecimento global", disse.

Entenda a COP-15
De 7 a 18 de dezembro, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que abrange 192 países, vai se reunir em Copenhague, na Dinamarca, para a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto.

Assinado em 1997 e ratificado em 2005, o Protocolo de Quioto estabelece metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos, que historicamente contribuíram mais para a concentração desses gases na atmosfera. O acordo determina a redução em 5% das emissões, em relação aos níveis de 1990. O primeiro período de compromisso do protocolo termina em 2012. A reunião de Copenhague terá que definir os próximos passos do acordo climático global.

Além das novas metas e compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa para o período pós-Quioto, na COP-15 os países terão que negociar como será feita a transferência de tecnologia de países industrializados para que os países em desenvolvimento possam realizar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O financiamento dessas ações também não está definido. O Banco Mundial estima que sejam necessários pelo menos US$ 400 bilhões por ano para que os países em desenvolvimento enfrentem as mudanças do clima.