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Brasil e Reino Unido recebem missão de discutir solução para Kyoto

Lilian Ferreira<br>Do UOL Ciência e Saúde<br> Em Cancún (México)

06/12/2010 17h49

Na COP-16, Carlos Minc diz como o Brasil pode ajudar no impasse de Kyoto

 

Atualizada às 22h

A tarefa mais difícil nesta COP-16, conferência do Clima, que ocorre em Cancún, no México, ficou para Brasil e Reino Unido: facilitar as negociações para superar os impasses sobre o futuro do Protocolo de Kyoto.

A presidência mexicana da Conferência, Patricia Espinosa, exigiu esforços com mais urgência para alcançar um acordo, mesmo que modesto, de medidas de combate ao aquecimento global. Para isso, duplas de países (um desenvolvido e outro em desenvolvimento) foram escaladas para mediar discussões em busca de consenso.

Metas globais a longo prazo ficaram a cargo de Suécia e Granada; a ajuda para adaptação às mudanças climáticas em países pobres fica com Espanha e Argélia; divergências sobre financiamento serão discutidas com Austrália e Bangladesh; e o controle e transparência das emissões serão mediados por Nova Zelândia e Indonésia.

O Brasil deve usar sua influência com a China para convencer países a aderirem a um segundo período de comprometimento de Kyoto, dizendo que, mesmo sem obrigação legal, os chineses estão comprometidos com o corte nas emissões.

Na manha desta segunda-feira (6), a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, junto com o representante britânico, reuniu-se com o Japão para convencer o país a adotar novas metas de redução de emissões de gases do efeito estufa. No primeiro período, países desenvolvidos, com exceção dos EUA, foram obrigados a cortar suas emissões em, pelo menos, 5% de 2008 a 2012, com relação a 1990.

“Estamos buscando resultados tangíveis, mas cada vez mais ambiciosos”, disse a presidente da mesa, Patrícia Espinosa, que espera a chegada de todos os ministros para que acordos possam ser fechados.

“Chegamos a decisões em tempo recorde, as questões estão sendo alinhadas nos dois trilhos, tanto na linha do Protocolo de Kyoto quanto em um acordo de longo prazo”, informou a secretária-executiva da ONU para Mudanças Climáticas, Christiana Figueres. Para ela, agora os países precisam reafirmar seu compromisso com decisões políticas e não técnicas.

Não há expectativa de que a conferência de Cancún resulte em um novo tratado climático de cumprimento obrigatório para todos os países. A busca é pela criação de mecanismos de ajuda financeira e tecnológica às nações pobres para ações relacionadas à mudança climática.

O Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, exige que quase 40 países desenvolvidos reduzam suas emissões de gases do efeito estufa. Japão, Rússia e Canadá, entre outros, recusam-se a prorrogar a vigência do tratado se ele não incluir exigências para grandes economias emergentes, como China e Índia.

As nações em desenvolvimento, por sua vez, alegam que os países ricos se beneficiaram mais das emissões de gases do efeito estufa desde a Revolução Industrial, e que a prorrogação do Protocolo de Kyoto não deveria estar condicionada à adesão dos países pobres.

* Com informações da Reuters