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"Segundo período de Kyoto ainda está indefinido", diz ministra do Meio Ambiente

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em Cancún (México)

07/12/2010 17h46

Atualizada em 08.12.2010

A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, afirmou que conversa com países até o final da noite desta terça-feira (7) para tentar resolver o impasse sobre um segundo período de metas do Protocolo de Kyoto, mas que a questão ainda está indefinida. Brasil e Reino Unido estão encarregados de dialogar com os países para discutir suas limitações quanto ao prolongamento do tratado e buscar soluções.


“Estamos dialogando para ver quais são as limitações dos países [para não aceitarem um segundo período de comprometimento]. Já nos reunimos com o G77, o grupo africano, com os japoneses e com russos. Agora o embaixador Figueiredo está com a UE e ainda vamos falar com a China”, contou a ministra.

Segundo Teixeira, o Brasil foi escalado para participar da primeira etapa na busca de um acordo, que é fazer diálogos de facilitação. “Estamos nesta mobilização para mostrar para a presidência da COP quais são as questões políticas. Não vamos escrever texto, não estamos negociando texto”.

Japão, Rússia e Canadá colocaram-se contra um segundo período do protocolo, e só aceitam novas metas de redução dos gases do efeito estufa se todos os países também se comprometerem com metas. No primeiro período, países desenvolvidos, com exceção dos EUA, foram obrigados a cortar suas emissões em, pelo menos, 5% de 2008 a 2012, com relação a 1990. Segundo os japoneses, o protocolo só engloba 27% das emissões mundiais.

“Todo mundo entende que é importante ter um segundo período, mas estamos discutindo como isso pode ser feito. Ainda precisamos ouvir mais países. E é ela quem deve se pronunciar sobre o assunto”, concluiu.

A presidência mexicana da Conferência, Patricia Espinosa, exigiu esforços com mais urgência para alcançar um acordo no final da semana. Para isso, duplas de países (um desenvolvido e outro em desenvolvimento) foram escaladas para mediar discussões em busca de consenso.

Metas globais a longo prazo ficaram a cargo de Suécia e Granada; a ajuda para adaptação às mudanças climáticas em países pobres fica com Espanha e Argélia; divergências sobre financiamento serão discutidas com Austrália e Bangladesh; e o controle e transparência das emissões serão mediados por Nova Zelândia e Indonésia.

Texto secreto desmentido

A presidente da Conferência, a mexicana Patrícia Espinosa, reiterou diversas vezes nos últimos dias de que não existe nenhum texto secreto que será levado para aprovação dos ministros e chefes de estado.

O medo é que aconteça em Cancún o mesmo que ocorreu no ano passado em Copenhague: frente a um impasse global, alguns países, em sua maioria desenvolvidos, mais Brasil e China, reuniram-se para escrever um texto final que foi aprovado em plenária (mas sem consenso) e se transformou no Acordo de Copenhague.

A Conferência do Clima exige que qualquer ação seja aprovada unanimemente e os textos são discutidos e negociados, geralmente, por todos os países ao mesmo tempo, na plenária.