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Preço de alimentos básicos pode dobrar até 2050 com mudanças climáticas

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em Cancún (México)

08/12/2010 14h56

Com o crescimento da economia, a tendência é que alimentos básicos como milho, arroz e trigo fiquem mais caros. E se nada for feito para controlar as mudanças climáticas, o preço do milho, por exemplo, pode dobrar até 2050. Isto é o que aponta o novo relatório sobre segurança alimentar do Instituto Internacional de Pesquisa em Políticas Alimentares (IFPRI) divulgado na COP-16, Conferência do Clima que ocorre em Cancún, no México.

A análise sugere que, diferentemente do século 20, quando os preços agrícolas reais diminuíram, na primeira metade do século 21, é provável que haja um aumento da demanda graças ao crescimento populacional e de renda que seria maior do que o aumento da produtividade. Estima-se que a população mundial será de 9 bilhões em 2050.

E como a agricultura depende da temperatura e das chuvas, com as mudanças climáticas, a falta de alimentos deve ser ainda maior. “Em países de baixa renda, no cenário mais pessimista, haveria o aumento no número de crianças desnutridas em mais de 18%”, explica Gerald Nelson, pesquisador sênior do IFPRI. Já no cenário otimista, com total redução das emissões, a desnutrição poderia cair 45% nos próximos 40 anos.

O estudo analisou 12 cenários possíveis, combinando crescimento populacional com mudanças climáticas. Na melhor das hipóteses, em 2050, o milho vai ficar 80% mais caro, o arroz, 30%; e o trigo, 40%. Já no pior cenário, os números seriam 100%, 80% e 60%, respectivamente.

Como o milho é uma base alimentar importante em diversos países, os pesquisadores acreditam que a alta nos preços levariam a uma queda no consumo e à desnutrição. O estudo mostra que a melhor maneira de ajudar os mais pobres a se adaptarem às mudanças climáticas é combater a pobreza.

Segundo Nelson, a saída é investir em produtividade agrícola. “É necessário fazer pesquisa de produtividade na agricultura e colocar na mão dos fazendeiros para reduzir a pobreza e aumentar a segurança alimentar”.

O aumento da renda é importante para facilitar o acesso a tecnologias para a agricultura e para reduzir os impactos do clima. Por fim, eles citam acordos internacionais e corte de emissões como outras medidas políticas necessárias.