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Agora é hora de analisar questões técnicas dos textos, diz ministra do Meio Ambiente

Lilian Ferreira<br> Do UOL Ciência e Saúde<br> de Cancún (México)

09/12/2010 07h00

“A primeira fase de negociações acabou. Agora, temos documentos oferecidos e o processo está na instância técnica. Os negociadores estão se dedicando, analisando o texto palavra a palavra”, disse a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, na COP-16, Conferência do Clima, que ocorre em Cancún, no México.

A ministra, que contou ter aprendido a não ficar muito “ecoansiosa”, deve participar de encontros bilaterais sobre outras questões de meio ambiente, para depois partir para as discussões políticas com os demais países sobre os textos passados pelos negociadores. “Amanhã, a gente terá uma clareza maior de onde estão as novas dificuldades políticas e lá vão os ministros conversar”.

“Em dois dias temos que chegar a um resultado. Por isso vai se comer muito pouco, dormir muito pouco, ficar muito estressado, mas eu espero que quando a gente entrar no avião a gente possa dizer: conseguimos alguma coisa. Espero voltar feliz como voltei de Nagoya”, declarou.

A Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, que aconteceu em Nagoya, no Japão, em outubro, foi considerada um sucesso do Brasil por ter conseguido alcançar um acordo.

Protocolo de Kyoto

O Brasil, junto com o Reino Unido, foi escalado para mediar as negociações sobre um segundo período de comprometimento do Protocolo de Kyoto. Segundo ele, países desenvolvidos, menos os EUA, teriam que cortar suas emissões de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5% com relação à 1990 até 2012. Diversos países se mostraram contrários a prorrogação enquanto todos os países também não tivessem metas legais de redução.

“Os japoneses estão naquela linguagem diplomática do ‘podemos ir, desde que tais coisas sejam preenchidas’. Temos um problema com o governo japonês, como temos uma dificuldade com os russos e com a Nova Zelândia, mas isso já estava colocado e estamos mobilizados na busca por uma solução”, explica Teixeira.

Além disso, a ministra conta que em conversa com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ele se comprometeu a fazer parte de uma segunda rodada de negociações políticas para fortalecer a necessidade do segundo período de compromisso de Kyoto.

Financiamento

A ministra conta ainda que a maior discussão sobre o Fundo Verde (de U$ 100 bilhões ao ano até 2020) é se ele fica sob o Banco Mundial ou sob a ONU. “Acho que seria importante o fundo estar no âmbito da Convenção, para que todos os países signatários possam dispor das diretrizes sobre os recursos que vão ser destinados à adaptação. E tem que ter transparência nos compromissos, deixar claro quando o dinheiro vem, que dinheiro é esse, como é que ele vem, quais são as quantidades, e a Convenção tem que assegurar esse processo”, conclui.