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Em discurso na COP-16, Evo Morales diz que abandonar Kyoto seria "ecocídio"

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em Cancún (México)

09/12/2010 17h02

Evo Morales, presidente da Bolívia, discursou na manhã desta quinta-feira (9) na plenária da COP-16, Conferência do Clima, que acontece em Cancún, no México. O presidente manteve a postura do país de culpar o capitalismo pelo aquecimento global, acusar os países desenvolvidos de “ecocídio” e defender os direitos da mãe natureza. “Ou morre o capitalismo ou morre o planeta Terra. Buscar uma saída intermediária é enganar o mundo."

Com isso, Morales mantém a apreensão geral de que a Bolívia pode deixar as negociações, por “profundas divergências ideológicas”, o que levaria a um fracasso de um possível acordo em Cancún. Na Conferência da ONU, as decisões precisam ser em consenso e o presidente se recusou a responder se seria uma "pedra" no caminho do acordo.

“Jogar o Protocolo de Kyoto no lixo é cometer um 'ecocídio'. É um atentado contra a humanidade”, defendeu. Ele completou dizendo que é preciso “adotar a posição dos povos do mundo para combater o aquecimento global”, uma clara referência à Conferência Mundial dos Povos, ocorrida em Cochabamba, na Bolívia, em abril deste ano.

O texto final da Conferência determinou a criação da Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra, que afirma que a Terra tem direito a ficar livre de poluentes, e do Tribunal Internacional de Justiça Climática e Ambiental, para julgar quem cometer crimes contra a natureza.

“Precisamos estabilizar as emissões para ficar no limite de aquecimento de 1ºC. Pensam que a temperatura pode chegar a 2ºC ou a 4ºC. Imagine como seria, se nesse momento com 0.8ºC já temos problemas graves no mundo”.

Por fim, Morales disse: “viemos ao México para salvar a natureza, para salvar o planeta Terra, não para converter a natureza em uma mercadoria”, em crítica ao mercado de carbono, que faz parte de qualquer acordo para redução de emissões.

“Não podemos permitir que haja novas políticas para a sobrevivência do capitalismo, sabemos que o capitalismo é a causa do aquecimento global. As mudanças são uma crise do capitalismo. Assim, nunca chegaremos a um acordo”, concluiu ao chamar os povos para agir.

“Se os governos não fizerem nada, serão os povos que terão que fazer. Vamos fazer um referendo mundial, e o que os povos decidirem será acatado”.