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Brasil não importa alimentos que foram contaminados, diz Anvisa, que alerta apenas viajantes

Do UOL Ciência e Saúde

Em São Paulo

03/06/2011 19h00

Com o recente surto de E. coli na Europa, que já atingiu 1,8 mil pessoas e matou 18, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que o Brasil não importa os alimentos que são apontados como foco de transmissão: pepino, tomate e alface. Além disso, a Agência orientou brasileiros em viagem para a Alemanha a não comerem alimentos crus e aumentarem os hábitos de higiene, já que a bactéria pode ser passada de pessoa para pessoa.

"A principal função do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária é vigiar todo o tempo para orientar a população sobre o que fazer. Fazemos parte de duas redes importantes de informação, alimentados pelo governo brasileiro e por organismos internacionais. Com essas duas redes nós temos acesso a todas as informações necessárias para dar a melhor resposta para este tipo de risco", afirmou a diretora da Anvisa, Maria Cecília Brito.

Em nota, o órgão avisa que até o momento não serão adotadas medidas restritivas e que, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil não importa os alimentos indicados como prováveis fontes da contaminação. Os alimentos em conserva importados da Europa não estão comumente associados a contaminação desta natureza.

Apesar de a fonte de contaminação na Alemanha ainda não ter sido identificada, estudos preliminares apontam três alimentos in natura como mais prováveis fontes de contaminação: pepino, tomate e alface.

A bactéria E. coli normalmente é inofensiva a seres humanos e animais. Esta cepa que atinge a Europa é rara, mas já foi registrada em outros momentos, em surtos em menores proporções. Esse tipo de bactéria, quando causa infecções, está mais relacionado aos alimentos de origem animal. Neste surto existem mais casos em adultos e os alimentos possivelmente envolvidos são de origem vegetal.

"Nossa preocupação é que o surto ainda está ativo, ou seja, o número de casos continua aumentando", alerta a diretora.

Viajantes

A orientação da Anvisa para quem vai viajar para a Europa ou que esteja voltando do continente é evitar comer alimentos crus, manter as mãos sempre lavadas e procurar um médico ao sinal de qualquer sintoma diferente.

"Estamos disponibilizando informações sobre higiene geral que na realidade é algo que já temos feito há um bom tempo, orientando os viajantes para os cuidados com os alimentos e a higiene pessoal. Também estamos providenciando para que essa informação chegue ao maior número de viajantes que estão entrando ou saindo para estas regiões afetadas pelo evento da E. coli", conta Paulo Coury, gerente de portos, aeroportos e fronteiras da Anvisa.

A Agência afirma ainda que intensifica e focaliza o controle sanitário da entrada de viajantes, e que, diante de sinais ou sintomas que possam ser identificados, orienta o viajante a se dirigir a hospitais, para ter o diagnóstico correto.

Surto na Alemanha

Em 03 de junho, o Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde informou um total de 1.823 casos notificados na Europa, sendo 552 de Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU), que é caracterizada por falência renal, anemia hemolítica e trombocitopenia. Do total de mortos 12 apresentaram SHU e 6 a contaminação comum.

Os principais sintomas da doença provocada pela E. coli enterohemorrágica (EHEC) são cólicas abdominais e diarreia, podendo evoluir para diarreia sanguinolenta. Vômitos e febre também podem ocorrer. O período de incubação, isto é, o tempo entre a transmissão e o início dos simtomas varia de 3 a 8 dias, com média de 3 a 4 dias. A maioria da população se recupera em 10 dias, mas em pessoas mais vulneráveis a infecção pode agravar-se levando à SHU.

Na Alemanha são 520 casos de SHU e 1.213 de EHEC; na Áustria foram 2 casos de EHEC; na Dinamarca foram 7 de cada tipo; na França são 6 casos de EHEC; na Holanda, 4 de cada tipo; na Noruega, 1 de EHEC; na Espanha, 1 de SHU; na Suécia, 15 de SHU e 28 de EHEC; na Suíça são 2 de EHEC; no Reino Unido são 2 de SHU e 1 de EHEC; na República Tcheca, apenas 1 caso de EGEC. Nos Estados Unidos, único lugar até agora fora da Europa, foram registrados 2 casos de SHU. Todos os casos estão vinculados a pessoas que estiveram na Alemanha, especialmente na região norte do país.

A bactéria é transmitida pelo consumo de alimentos contaminados, principalmente carne e leite crus ou mal-cozidos. O consumo de vegetais contaminados crus também é uma rota de transmissão. Outra possibilidade é a transmissão de pessoa a pessoa, pela via fecal-oral.