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Sonda mostra que Vênus também tem uma camada de ozônio na atmosfera

Do UOL Ciência e Saúde

Em São Paulo

06/10/2011 10h31

Sonda da Agência Espacial Europeia (ESA) descobriu que Vênus também possui uma camada de ozônio na atmosfera. Analisar suas propriedades e compará-las às camadas encontradas na Terra e em Marte deve ajudar os astrônomos a refinar as buscar por vida em outros planetas.

A informação foi obtida graças a instrumento da sonda Venus Express, que analisa a luz das estrelas em busca de impressões digitais características de gases na atmosfera. O ozônio foi detectado porque absorve parte da luz ultravioleta emitida pelas estrelas.

O ozônio é uma molécula que contém três átomos de oxigênio. De acordo com modelos científicos, o ozônio em Vênus é formado pela quebra das moléculas de dióxido de carbono pela luz solar, que lança átomos de oxigênio.

Esses átomos são carregados por ventos na atmosfera, combinando-se para formar moléculas com dois átomos de oxigênio ou com três átomos de ozônio.

Segundo o pesquisador Franck Montmessin, da ESA, a detecção traz uma compreensão maior sobre a química da atmosfera de Vênus e também pode ser útil para procurar vida em outras partes do Universo.

Na Terra, o ozônio é fundamental porque absorve grande parte dos raios ultravioletas nocivos do Sol. Além disso, os cientistas acreditam que o ozônio foi gerado por formas de vida.

A formação de oxigênio e, consequentemente, a de ozônio, na atmosfera da Terra começou há 2,4 bilhões de anos. Embora as razões ainda não sejam totalmente conhecidas, a emissão de oxigênio por micróbios como gás residual pode ter desempenhado um papel importante.

Astrobiólogos têm sugerido que a presença simultânea de dióxido de carbono, oxigênio e ozônio em uma atmosfera pode ser um indício de que há vida no planeta. No entanto, como demonstra essa nova descoberta, a quantidade de ozônio pode ser determinante.

A pequena quantidade de ozônio na atmosfera de Marte não foi gerada por formas de vida. Lá, é resultado da quebra das moléculas de dióxido de carbono pela luz solar.

Os cientistas também acreditam que em Vênus a formação modesta de ozônio também não envolve meios biológicos. Sua camada de ozônio fica a uma altitude de 100 quilômetros, cerca de quatro vezes maior que a da Terra. Além disso, é de cem a mil vezes menos densa.

Os astrobiólogos sugerem que a concentração de ozônio em um planeta deve ser de pelo menos 20% à encontrada na Terra para se considerar formas de vida como causa. Os novos resultados mostram que Vênus está bem abaixo desse limiar.

De qualquer forma, a descoberta mostra mais uma semelhança entre Vênus, Marte e a Terra.