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Mais de 50 pacientes são atendidos nos corredores de hospital público no Ceará

Angélica Feitosa

Especial para o UOL Ciência e Saúde<br>De Fortaleza

18/10/2011 10h37

Mais de 50 pacientes estão sendo atendidos de forma improvisada nos corredores do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). A média de tempo de permanência dessas pessoas fora dos leitos é entre sete e oito dias. Muitos dos internados sequer são encaminhados a um leito antes da alta.

De responsabilidade do Governo do Ceará, a unidade tem um perfil de atendimento terciário, ou seja, deveria se destinar ao acolhimento de pacientes com problemas graves. O hospital disponibiliza 108 leitos de entrada, mas o número é insuficiente para a demanda. A situação mais grave já foi parcialmente revertida com a transferência de 16 pacientes para outros hospitais conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS), dois para enfermarias do HGF e dois receberam alta, no último sábado. Ou seja, o HGF chegou a atender 70 pacientes nos corredores.

O irmão da operadora de telemarkting Patrícia Sousa Marques, 28, recebeu medicação nos corredores do HGF, junto a outras dezenas de pacientes. A jovem conta que não tem o que reclamar do atendimento dos médicos e enfermeiros que, segundo ela, foram atenciosos e prestativos. No entanto, ver ao irmão receber a medicação em macas do hospital ficou pensando o quanto devia ser difícil ver um parente internado dias naquele local. “É gente em maca em todos os lugares que você olha. É terrível”.

De acordo com o chefe da emergência, o médico Romel Araújo, muitos dos internados que passam pelo setor poderiam ser encaminhados a hospitais secundários, ou seja, de média complexidade.

“O grande problema é que, por mais que a gente consiga agilizar o atendimento, se não tivermos uma rede secundária de apoio, não adianta”, aponta Araújo. Segundo ele, a cidade de Fortaleza não tem uma rede secundária resolutiva e boa parte dos municípios da Região Metropolitana segue o mesmo exemplo.

Ainda de acordo com o médico, a situação já foi mais grave. O hospital chegou a atender, antes da gestão do chefe da emergência, cerca de 140 pacientes nos corredores hospitalares. Medidas práticas e simples conseguiram reduzir para menos da metade a fila de espera.

“A primeira ação foi otimizar o atendimento, implantando a linha de cuidados dos pacientes. Ao definir os pacientes mais graves, com o protocolo de acolhimento e classificação de riscos”, pontua Araújo. Segundo o médico, a linha do cuidado procurou trabalhar com toda a equipe. Com a integração, foi possível diminuir o tempo de realização dos procedimentos e dar alta com mais rapidez aos pacientes em condições clínicas favoráveis ou transferir para outros hospitais.

A reunião realizada durante toda a tarde desta segunda, 17, na direção do HGF e a Secretaria de Saúde do Ceará, tentou encontrar soluções para a questão. A proposta lançada, segundo Araújo, é iniciar a aumentar as relações na rede hospitalar pública e privada, nos hospitais que disponibilizam leitos pelo SUS.