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Secretaria admite surto de meningite em cidade mineira e anuncia vacinação de moradores

Rayder Bragon

Especial para o UOL Ciência e Saúde<br>Em Belo Horizonte

20/10/2011 13h03

O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza Marques, reconheceu nesta quinta-feira (20) que existe surto de meningite na cidade de Ouro Branco, localizada na região central do Estado e a 116 quilômetros de Belo Horizonte.

Segundo Marques, moradores da cidade, com idade entre 4 e 30 anos, receberão a vacina contra a meningite tipo C já na próxima segunda-feira. A vacinação vai se estender até o dia 4 de novembro. O secretário fez o anúncio em entrevista coletiva na cidade administrativa, sede do governo estadual.

“Nós identificamos nexo causal de contágio [nos pacientes], que faziam parte de um mesmo aglomerado (alojamento). Foram dois ou três trabalhadores de um empreendimento em Ouro Branco”, disse o secretário, referindo-se ao contágio supostamente detectado em alojamento da construtora Paranasa, empreiteira responsável por ampliação de usina da Gerdau Açominas. Segundo o secretário, a origem da contaminação ainda está sendo investigada, sendo que a maioria dos trabalhadores da construtora é de Estados do Nordeste do país.

“Isso está em investigação. Eu não acho isso uma informação relevante por induzir a uma suposta xenofobia, uma certa implicação das pessoas com quem vem de fora”, disse, para complementar afirmando que os 1.2 mil trabalhadores da Paranasa, que vivem nesses locais, foram medicados.

Marques informou que operários que moram nos alojamentos, mesmo de outras empresas, serão vacinados independentemente da idade, bem como estudantes de universidade da cidade.

“Nós não temos uma epidemia instalada na região, mas um surto localizado, e a estratégia, depois de debatida de forma muito técnica, foi identificada como sendo a necessidade de fazermos um bloqueio vacinal”, salientou.

O secretário disse que, no entanto, somente quem mora no município será imunizado.

Apesar de um caso ter sido confirmado na cidade vizinha de Congonhas, ele descartou a ampliação a essa cidade e também a Conselheiro Lafaiete, município que fica próximo a Ouro Branco.

“Nesse caso apresentado, não se identificou nexo de contágio com esse surto em Ouro Branco, ou seja, ele está dentro daquela variação normal de aparecimento de casos que existe ao longo dos anos. (...) Constitui um grosseiro erro técnico estender essa vacinação a esses municípios” afirmou.

Sobre a faixa etária escolhida para a imunização, o secretário informou que crianças abaixo de 4 anos já foram alvo de vacinação feita no Estado, que dispõe a vacina na rede pública estadual. Segundo ele, a doença é mais incidental em crianças e adolescentes. No entanto, por terem sidos detectados na cidade casos em pessoas mais velhas, classificadas por Marques como "adultos jovens", a extensão da imunização será feita até a faixa de 30 anos.

“Se por acaso alguma criança (da cidade) não está vacinada (abaixo de 4 anos) é porque houve erro de cartão vacinal, mas pode ir ao posto e tomar a vacina”, frisou.

O secretário adiantou que o controle sobre as pessoas que serão imunizadas se dará pela apresentação da carteira de vínculo com a universidade, bem como a da carteira de trabalho, para confirmar a situação de empregado em empresas do município. O restante da população alvo da vacinação será identificado por listagem que Marques afirmou possuir a secretaria de Saúde de Ouro Branco.

“Quem não tiver esses comprovantes não terá acesso à vacinação”, afirmou o secretário.

Casos

Na última sexta-feira (14), um operário da construtora Paranasa morreu com sintomas da doença e exames laboratoriais posteriores confirmaram que a causa do óbito foi meningite tipo C, de acordo com a secretaria. Outros 18 operários estão internados em dois hospitais da cidade com sintomas da doença, informou o órgão.

Por conta do medo de contrair a doença, 380 operários pediram demissão nesta terça-feira (18). A empresa informou que prestará a assistência necessária para o retorno dos operários às suas cidades (transporte e alimentação), após o acerto rescisório.

A secretaria de Estado de Saúde informou que entre janeiro e outubro deste ano foram notificados 792 casos da doença em Minas Gerais, sendo que 117 pessoas morreram.