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Ano de 2020 pode ser tarde demais para combater mudanças climáticas, diz UE na COP

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde, em Durban, África do Sul

08/12/2011 07h00

A proposta para combater a crise climática de países em desenvolvimento, como China, e também dos EUA, desenvolvido que não tem metas obrigatórias de redução dos gases do efeito estufa, é pensar em um acordo legal para todos os países a partir de 2020. Enquanto isso, alegam alguns, o ideal é prorrogar o Protocolo de Kyoto, que expira no final de 2012. Entretanto, a União Europeia, signatária do pacto, não aceita estendê-lo caso os países não aceitem agora um compromisso legal a partir de 2020.

"Se fizemos um segundo período sem o comprometimento, os demais países vão relaxar e vão parar de se esforçar. Aí 2020 para começar a fazer algo será tarde demais. Tudo demora mais do que todos nós podemos imaginar. Não podemos esperar para começar a discutir um acordo global", disse a representante da União Europeia, Connie Hedegaard.

"A fórmula de divisão do planeta de 1990 não é mais aplicada mudialmente, temos que achar uma nova fórmula de dividir a responsabilidade", ressalta.

O Japão tem uma posição ainda mais dura: não aceita nem entrar em um segundo período de comprometimento se os principais poluidores não se comprometerem. "Nõs vamos continuar membros do Protocolo, vamos participar das negociações, mas não aceitamos um segundo período", disse o negociante japonês.

"Nós temos os mesmos objetivos que a UE, temos que apelar para as grandes economias como China, índia e EUA para chegar a um pacto global. Por isso precisamos começar um novo grupo de discussão e não continuar com Kyoto", completou.

Ele também compartilha da ideia de que é preciso continuar com os projetos de corte das emissões até 2020 e não empurrar para daqui oito anos estas ações.

Para Samantha Smith, do WWF, é hora de todos os países se comprometerem e trabalharem duro para começar agora um acordo vinculante para 2020. "Os países em desenvolvimento devem começar em outro ponto de partida, mas não podemos esperar até 2020. Precisamos ir fazendo até lá e depois aumentar os níveis de ambição".

Além dela, Tove Ryding, do Greenpeace, concorda. "OS EUA só querem falar de ações para 2020 quando a ciência diz que precisamos agir agora. A questão é o que vai acontecer entre hoje e 2020. Olhar só para 2020 é irresponsável".

Quem vai?

Connie diz que a UE já reduziu suas emissões e vão continuar neste processo independentemente. "O que estamos tentando fazer é q esse seja um processo ambicioso. Se demorarmos para começar a discutir o pacto global, o que terá depois do segundo período? Precisamos discutira agora. As reduções não mudam muito para a Europa, mudam para o resto do mundo. Eles precisam sentir uma mudança, precisamos começar a sinalizar alguma ação".

A principal questão para europeus é saber quem se compromete e como, querem saber "até onde eles vão". É isto que será discutido detalhadamente até sexta. China diz que aceita metas publicamente, mas nas negociações fechadas parece ainda estar fechada para obrigações internacionais. EUA dizem que só entram, a partir de 2020, se for em pé de igualdade com a China, que só entra se não for em pé de igualdade.

O chamado ping-pong entre EUA e China é o que mais compromete o acordo que deve ser desenhado em dois dias. "A China anunciou movimento em direção ao comprometimento, não vejo tanta ação dos EUA", disse o europeu Jo Leinen.

A UE quer que sejam definidas regras até 2014, para que elas sejam ratificadas até 2020. O Brasil, por exemplo, pede que se espere um ano para que saia o relatório do IPCC com as consequências do aquecimento global e do resultado das ações até a data.