"Vemos uma convergência para se chegar a um acordo em Durban", diz negociador brasileiro
No último dia de negociações da Conferência do Clima (COP-17) em Durban, na África do Sul, o clima é de que faltam apenas alguns ajustes para se fechar um acordo. O negociador do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, diz que está vendo convergência nesta reta final. “Estamos trabalhando com todos os parceiros para chegar a um cronograma muito claro e específico”.
A ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, disse que este é o momento de discutir como construir este acordo. “Temos que pensar agora para não termos uma lacuna em 2020. E é isso que Durban vai trazer: quais serão os próximos passos na luta contra o clima”, disse.
O acordo deve envolver o segundo período do Protocolo de Kyoto (que expira em 2012) até 2020, um novo tratado legal e vinculante para reduzir as emissões, para todos os países, a partir de 2020, e a operacionalização do Fundo Verde, que visa destinar até 100 bilhões de dólares ao ano até 2020 para combater as mudanças climáticas em países pobres.
EUA e China, os maiores poluidores, concordaram em apoiar o roteiro para um pacto global proposto pela União Europeia. Os países acertam agora como será este “roteiro”, com cronograma para negociações, discussão técnica, ratificação e aplicação.
Annie Petsonk, da ONG Enviromental Defense Fund, acredita que podem ter três possíveis finais para Durban. No primeiro, sairia um novo protocolo que cobriria redução das emissões, adaptação às mudanças climáticas e transferência de tecnologia que começaria a ser desenhado ano que vem e que seria adotado na COP-20, em 2014, como quer a União Europeia.
É possível ainda um comprometimento dos países a negociar um acordo vinculante maior, mas sem prazo de conclusão, como querem outros países. A terceira hipótese é ter apenas uma série de decisões, sobre os próximos passos a serem tomados pela Convenção.
Ela lembra que os EUA evitam um acordo vinculante, ou seja, que tenha peso de lei, pois poderia não ser aprovado pelo Senado do país.
Figueiredo diz que o Brasil é flexível quanto aos prazos. “Não é algo que nos divida nestas horas finais da Conferência”. O embaixador destaca que o novo pacto deve envolver todos os países e ser baseado na ciência; além disso, ele contará com atitudes para serem tomadas agora e com acertos para o futuro.
2020 é tarde demais?
Os representantes das pequenas ilhas, as que mais sofrem as consequências do aquecimento global, são contra o prazo de 2020. Segundo eles, o Protocolo de Kyoto não é suficiente para se atingir as metas necessárias de combate ao aquecimento em até 2°C.
“Concordamos em fazer um roteiro para um acordo global, mas não concordamos com 2020. Temos toda a condição de começar um acordo para agora. Se em 2017 não atingirmos certos objetivos, não terá mais volta, não podemos esperar até 2020”, disse o ministro do meio ambiente de Granada, Karl Hood.
Hood diz que as ilhas são um paraíso para quem as visita, mas a situação é muito diferente para eles que vivem lá. “Nós sentimos os reais efeitos das mudanças climáticas”, disse. O ministro das Ilhas Fiji diz que eles nunca sabem como serão os furacões que assolam a região. “Estamos preocupados em como vai terminar Durban. Nós rezamos para que tudo acabe bem”, disse.
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