Arqueólogos vão reconstituir gravuras rupestres do Rio Madeira em 3D
Cerca de 2.000 gravuras rupestres feitas em pedras do Rio Madeira, em Porto Velho (RO), foram registradas para reconstituição digital em 3D. Visíveis somente nos períodos de seca, esses desenhos talhados em baixo relevo por povos antigos da Amazônia em breve vão ficar submersos para sempre, com a construção da usina hidrelétrica Santo Antônio.
Os modelos tridimensionais vão permitir o estudo detalhado das gravuras - algumas com motivos geométricos, outras com figuras que lembram homens e animais estilizados. Então será possível compará-las aos símbolos encontrados nos sítios arqueológicos localizados às margens do Rio Madeira.
Como os sítios do entorno possuem mais de uma ocupação, é difícil datar as gravuras, como explica Renato Kipnis, da Scientia Consultoria Científica, contratada pela concessionária Santo Antônio Energia para realizar parte do trabalho arqueológico. "As primeiras ocupações são de 8.000 anos atrás", afirma, dando ideia de quão antigos podem ser os desenhos dos pedrais.
Em parceria com a empresa portuguesa Dryas Arqueologia, a equipe tem utilizado equipamentos de alta tecnologia para fazer o escaneamento em um curto espaço de tempo - cerca de dois meses. Um deles emite 900 mil feixes de laser por segundo em 360º, com precisão de 2 milímetros. O outro é um scanner de luz estruturada, com precisão de 20 micros (1 micron é igual a um milésimo de milímetro).
O próximo passo, explica Kipnis, é o trabalho "pós-campo", que deve levar cerca de um ano. A exemplo de outros programas na região, como o monitoramento de fauna e de peixes, a concessionária informa que o material vai ser disponibilizado para o público, especialmente para a comunidade científica.
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