Topo

Habilidade de liderar grupos vem de nascença e não é aprendida, diz estudo

Comportamento de peixes mostra que é sempre mais fácil aprender a seguir do que se dispor a guiar o caminho. Isso significa, segundo grupo de zoológos da Universidade de Bristol, na Inglaterra, que o comportamento de liderança nascem com o indivíduo, e isso não pode ser fabricado - Sergey Yeliseev/Reprodução
Comportamento de peixes mostra que é sempre mais fácil aprender a seguir do que se dispor a guiar o caminho. Isso significa, segundo grupo de zoológos da Universidade de Bristol, na Inglaterra, que o comportamento de liderança nascem com o indivíduo, e isso não pode ser fabricado Imagem: Sergey Yeliseev/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

01/09/2013 06h00

A capacidade de liderança é uma qualidade que já nasce com o indivíduo, sendo pouco provável de ser aprendida ao longo da vida, afirmam cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, em pesquisa divulgada nesta semana no periódico especializado da Sociedade Real de Ciências Biológicas britânica, a Proceedings B.

O grupo avaliou o comportamento de peixes de aquário para conseguir comida no grupo, mas asseguram que a descoberta também pode ser aplicada às relações humanas.

"A reação dos peixes nos mostrou que é sempre mais fácil aprender a seguir do que se dispor a guiar o caminho. E isso aponta que líderes nascem com essa tendência, e não podem ser fabricados", resume Shinnosuke Nakayama, do departamento de Zoologia da Universidade.

Na pesquisa, eles analisaram por semanas a convivência da espécie Gasterosteidae em grandes tanques interligados que foram montados em laboratório. A espécie comum de aquário foi escolhida por ter tanto o comportamento extrovertido quanto o introvertido.

Como foi o experimento

Durante a observação, os pesquisadores conseguiram diferenciar os peixes 'destemidos' dos 'tímidos', porque os primeiros tinham coragem de deixar as áreas mais profundas e seguras dos tanques para nadar até uma estação que armazenava ração. Dessa forma, os peixes foram agrupados em pares compostos por um animal extrovertido e um introvertido.

Na primeira parte do experimento, as duplas recebiam como prêmio uma porção de alimento sempre que nadassem para a estação de ração respeitando a ordem natural da dupla, com o extrovertido liderando o percurso. Na segunda etapa, a tendência era invertida: para os dois ganharem o prêmio, quem tinha de liderar o trajeto até a comida era a espécime introvertida. 

O grupo dos tímidos até conseguiu desempenhar o novo papel, mas só porque eram estimulados. Em contrapartida, os extrovertidos tinham mais facilidade de atuar nas duas funções, tanto na hora de assumir a liderança, quanto na de ser liderado. Segundo os pesquisadores, isso revela que os animais extrovertidos são, também, mais versáteis e flexíveis.

"Nos supreendemos com isso, pois acreditávamos que os peixes extrovertidos renderiam maus liderados, sendo eles menos sensíveis ao comportamento de outros indivíduos; e que os introvertidos, por sua vez, assumiriam prontamente o papel de líderes", diz a coautora do estudo.