Câmara promove audiência sobre Instituto Royal; diretora foi convidada
A Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados fará uma audiência pública na tarde desta terça-feira (29) sobre a invasão do Instituto Royal, em São Roque (a 66 km de São Paulo), na madrugada do dia 18 de outubro. Os deputados querem discutir em Brasília (DF) as denúncias de maus-tratos contra os 178 beagles usados em testes de laboratório. A diretora Silvia Ortiz, assim como três funcionários do laboratório, foram convidados pelos deputados para participar do debate.
O deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), que pediu a audiência, é o relator da comissão externa criada pela Câmara para investigar o caso Royal. Na opinião do parlamentar, é preciso procurar novas alternativas ao uso de animais para os experimentos científicos.
"O mundo avançou muito - estão aí os prêmios Nobel de Medicina e a formação de células humanas em laboratório - e não há mais necessidade de os animais sofrerem como vêm sofrendo em algumas atividades como essa", declarou.
O Instituto é investigado pelo Ministério Público desde 2012 por maus-tratos aos animais. Mas o Concea (Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal), que fiscaliza a experimentação animal no país, disse não haver irregularidades nos testes ou problemas na documentação.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, também defendeu o instituto e chamou de "crime" o resgate dos cães no dia 18 de outubro. "Existe legislação, existe licenciamento e existe fiscalização. Essa invasão é um crime, foi feita à revelia da lei."
Ativistas relataram que os cães de raça viviam em situação degradante, com sujeira, fezes e urina, por isso, eles invadiram o laboratório de madrugada para recuperar os animais. Luisa Mell, que participou da ação, afirmou que os beagles estavam "muito assustados, apáticos".
A diretora do laboratório, no entanto, negou todas as acusações em um vídeo divulgado no último dia 23. Ela afirmou que os animais eram tratados "com carinho" pela equipe e que faziam atividades recreativas e recebiam alimentação nutritiva.
Silvia esclareceu, ainda, que os cães eram usados em "testes de segurança para medicamentos e fitoterápicos, para cura e tratamento de diversas doenças como câncer, diabetes, hipertensão e epilepsia, entre outras, bem como para o desenvolvimento de medicamentos antibióticos e analgésicos".
Segundo ela, os testes de cosméticos eram feitos apenas pelo método in vitro, ou seja, "dentro de equipamentos de laboratórios, sem animais".
O Instituto Royal é o único laboratório do país que tem o reconhecimento de Boas Práticas de Laboratório, o que o torna apto para conduzir testes de fármacos de empresas. De acordo com Silvia, cada filhote custa em torno de R$ 2.400.
(Com informações da Agência Câmara)
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