Nasa descobre que Marte já teve lago capaz de abrigar vida
Em seis artigos publicados na Science, nesta segunda-feira (9), pesquisadores da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) divulgaram novas descobertas do robô Curiosity, que está investigando o solo de Marte desde agosto de 2012. Uma das descobertas é um local que já foi um lago com capacidade de abrigar vida, e, teoricamente, teria permitido que micróbios do tipo quimiolitoautotrófico habitassem e se reproduzissem em suas águas.
O lago existiu próximo à Cratera de Gale, local em que a sonda aterrissou em 2012. A formação tem aproximados 150 quilômetros de diâmetro e surgiu após o impacto de um asteroide há, pelos menos, 3,5 bilhões de anos.
Segundo a Nasa, o Curiosity encontrou amostras de rochas sedimentares que indicam que o lago existiu na cratera por "dezenas (senão centenas) de milhares de anos".
Suas águas provavelmente tinham pH relativamente neutro, baixo nível de salinidade e exibiam elementos-chave em termos biológicos, como carbono, hidrogênio, oxigênio, enxofre, nitrogênio e fósforo.
Para os pesquisadores envolvidos na expedição da sonda ao planeta vermelho, a presença desses elementos tornava o lago apto a abrigar uma grande gama de micro-organismos procariontes (organismos majoritariamente unicelulares e que não têm material genético delimitado por membrana).
Micróbios do tipo quimiolitoautotrófico são capazes de desintegrar rochas e outros minerais para obter energia —na Terra, são comumente encontrados em cavernas, por exemplo.
Agora, a missão do robô é buscar por fósseis moleculares no planeta vermelho. "Nossa missão está mudando", diz o cientista do projeto John Grotzinger, do Istituto de Tecnologia de Califórnia (Caltech) em Pasadena. "Nós estamos começando a mapear um passo adiante, um jeito de procurar deliberadamente por material orgânico".
Expedição bilionária
Ao completar, em agosto, um ano de seu pouso em Marte, a Curiosity (cujo tamanho se aproxima ao de um carro de passeio) já havia percorrido mais de 1,6 quilômetro, feito mais de 36.700 imagens e disparado 75 mil pulsos de laser para analisar rochas e solo, segundo estimativas da Nasa.
A expedição ao planeta vermelho já custou US$ 2,5 bilhões à agência espacial dos Estados Unidos.
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