Dinossauro de 230 milhões de anos é encontrado no RS
O fêmur de um dinossauro que viveu há pelo menos 230 milhões de anos foi encontrado no município de São João Polêsine, região central do Rio Grande do Sul. O bípede carnívoro, com altura estimada em 1 metro, pesava no máximo 22 quilos e tinha 2,2 metros de comprimento, da cauda ao crânio.
Ele era um terópode, que está entre os primeiros dinossauros que viveram na Terra - a parir deles é que foram surgindo os animais maiores. No mundo todo, até hoje, segundo os pesquisadores, só foram descritos 15 dinossauros terópodes carnívoros. Daí a importância do achado para a ciência.
“O animal era leve, é um ancestral muito longínquo das aves”, informou o paleontólogo Sérgio Furtado Cabreira, da Universidade Luterana do Brasil, que realiza pesquisas na região central do Rio Grande do Sul, junto com pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria e da Universidade Federal do Pampa.
Cabreira foi quem achou o fóssil, no dia 30 de janeiro deste ano. Ele estava numa expedição de buscas, feitas de duas a três vezes por ano na região. O local é de interesse dos pesquisadores porque é rico em rochas do período triássico (de 200 milhões a 250 milhões de anos atrás).
“Encontramos uma parte exposta de material ósseo fossilizado, começamos a limpar e foi aparecendo a primeira parte, que foi o fêmur. A forma é muito clássica e clara, logo diagnosticamos que é um terópode carnívoro”, disse Cabreira.
Além do fêmur, também foi encontrado uma parte do crânio do dinossauro, que ainda está preso à rocha. “A parte que já vimos do crânio tem 35 centímetros. Nós temos uma grande extensão de coluna vertebral do animal ali e outras partes dele”, disse o paleontólogo, segundo o qual os fósseis serão estudados pelos próximos quatro anos.
Fossilização
O que determina a conservação do fóssil, explica Cabreira, são as condições de morte e o ambiente em que o animal vai a óbito. “Esses materiais são fossilizados em margens de rios primitivos, onde o animal morre. Poucos momentos após a sua morte, vem uma nova enchente, que arrasta esses restos e soterra. Afasta o cadáver do oxigênio e, com o tempo, vai isolando-o do meio ambiente”, disse.
A partir desse momento, vai ocorrendo uma transferência de sais minerais do meio ambiente para o osso, que, pela estrutura química, é um tecido mineralizado, e atrai mais minerais do meio ambiente.
“À medida que o material recebe mais camadas de rocha, vai se afastando do espaço e ficando isolado dos predadores, como bactérias, e vai recebendo mais sais minerais, ao ponto desse fóssil se mineralizar bastante e se conservar ao longo do tempo”, completou.
Estudos
As pesquisas na região, segundo paleontólogos, já resultaram em achados de fósseis de diversos dinossauros. Um dos estudos deverá ser publicado ainda este ano.
As maiores dificuldades para a pesquisa na região estão sendo o calor intenso do verão e também a dureza das rochas sedimentares triássicas, que podem chegar facilmente aos 45º graus centígrados, e as ferramentas, que se quebram continuamente na tentativa de penetrar e cortar os sedimentos.
O paleontólogo e coordenador do Cappa (Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica), da Universidade Federal de Santa Maria, Sérgio Dias da Silva, avalia que a descoberta do fêmur é muito importante para a ciência. Ele destaca que “poucos terópodes foram achados nos últimos 100 anos de pesquisas em rochas Triássicas do Brasil”
“O material, seguramente, poderá trazer importantes informações sobre a origem e evolução dos primeiros dinossauros carnívoros que viveram sobre a Terra”, acrescenta.
Silva diz que a descoberta atesta que os fósseis são abundantes nas rochas da região, onde, em Santa Maria, na década de 1930, foi encontrado fóssil de dinossauro do gênero estauricossauro (também terópode).
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