Vai um gafanhoto frito? Conferência quer disseminar consumo de insetos
Vai um gafanhoto frito? Esta é a pergunta feita pelo entomólogo Arnold Van Huis em uma conferência em Wageningen, na Holanda, na semana passada. O evento reúne especialistas para discutir o papel dos insetos na segurança alimentar mundial.
O entomólogo falou à revista Nature sobre o tema: “O hábito de comer insetos ainda tem a reputação de fazer parte da dieta apenas das pessoas muito pobres. Espero que possamos mudar essa percepção durante a conferência”. Huis descobriu a entomologia viajando durante um período sabático, estudando aspectos culturais dos insetos em 24 países na África. Comeu grilos e gafanhotos saborosíssimos, mas também se decepcionou com o bolo “kungu”, feito com moscas que aparecem, em certas fases da lua, nos lagos da África Oriental.
Mesmo entre os entomólogos, segundo Huis, o hábito de comer insetos foi tratado por muito tempo como uma peculiaridade de habitantes de regiões tropicais. “Não se considerava que nós também podemos criar esse hábito”, afirma. Para difundir o gosto alimentar no Ocidente, o entomólogos precisam definir, por exemplo, qual a melhor maneira de criar os insetos para o consumo humano – geralmente, a criação é feita em depósitos de restos orgânicos.
O interesse pelo assunto está crescendo: o livro de Huis sobre o papel dos insetos na segurança alimentar, publicado no ano passado pela agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), já teve mais de 6 milhões de downloads. Outra de suas publicações, um livro de receitas, não fez tanto sucesso; mas Huis aposta que isso vai mudar, quando iguarias à base de insetos chegarem aos programas de TV e aos cardápios de chefs famosos. Alex Atala, aqui no Brasil, já serve formiga no badalado restaurante paulistano D.O.M..
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