Dinossauros mecanizados transformam zoológico de SP em 'Jurassic Park'
Entre a copa das árvores, répteis gigantes se movimentam e emitem grunhidos em meio à fumaça que emana de um vulcão em erupção. A descrição se encaixaria em qualquer um dos filmes da franquia 'Jurassic Park', aquela que o diretor norte-americano Steven Spielberg estreou em 1993 --mas o parque jurássico agora fica em São Paulo. Quem visitar o Parque Zoológico de São Paulo no bairro da Água Funda, na zona sul da capital paulista, a partir desta quarta-feira (10), poderá caminhar entre réplicas de dinossauros de tamanho real, que se mexem e emitem sons, além de conhecer mais sobre esses animais extintos há 65 milhões de anos e que ainda hoje despertam a curiosidade de crianças e adultos.
A exposição “O Mundo dos Dinossauros” é a primeira desse porte a ser realizada em um ambiente externo no Brasil, em uma porção de 3.000 metros quadrados da Mata Atlântica. Os 20 dinossauros animatrônicos –tecnologia que utiliza mecânica e robótica para dar vida a bonecos, comumente usada no cinema– dividem espaço com espécies de aves, macacos e preguiças que vivem soltos no zoológico. A mostra ainda conta com réplicas de fósseis de diferentes espécies de dinossauros, que habitaram a Terra entre os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo, todos da era Mesozoica.
O mais alto deles é o Tyrannosaurus rex, que mede 18 metros de altura e tem o grunhido mais alto da mostra. “O nosso tem 18 metros, mas o animal chegava a ter um pouco menos: 13 metros", admite o paleontólogo da exposição, Bruno Navarro. "O mais comprido é o Apatossaurus, que tem 22 metros de comprimento e 12 metros de altura”. Segundo Navarro, a mostra traz espécies descobertas em todo globo terrestre. “Selecionamos os mais representativos, as espécies mais conhecidas do público”, diz.
O mais conhecido é, sem dúvida, o norte-americano Tyrannossaurus rex. Mas o Brasil também está representado na mostra, através da réplica do Angaturama limai, espécie de dinossauro descrita em 1996. Os restos mortais do animal brasileiro foram descobertos na Chapada do Araripe, no Ceará, e o seu nome deriva do tupi, que quer dizer "nobre". Ele media até cinco metros de altura e oito de comprimento, chegava a pesar três toneladas e viveu há 105 milhões de anos, durante o período Cretáceo.
“O Brasil possui 22 espécies de dinossauros descobertas, mas elas são pouco conhecidas. Aqui na exposição há duas espécies da América do Sul, o Angaturama limai, que é brasileira, e o Amargassaurus, argentino [herbívoro quadrúpede que viveu do Jurássico até o Cretáceo]”, explica Navarro. As espécies brasileiras foram descobertas no Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso e, segundo o palentólogo, existiram nos períodos Triássico e Cretáceo. “Temos dinossauros mais velhos, de 225 milhões de anos, e mais recentes, do último período. Não tivemos dinossauros no período Jurássico, só encontramos pegadas deles porque aqui em São Paulo existia um grande deserto, onde viviam animais muito pequenos”.
Foram necessários quatro meses para que os técnicos da D32 Eventos, empresa responsável pela realização da exposição, montassem toda a mostra, que ainda conta com um cinema em 4D. “Nós realizamos há um ano e meio essa exposição em shoppings em São Paulo, sempre apostando no realismo da proposta. Trouxemos a ideia e a tecnologia que já estão presentes em zoológicos da Europa, mas essa é a primeira vez que a montamos em um ambiente externo, de mata”, conta um dos sócios da D32 Eventos, Doni Marangon –que foi goleiro dos clubes Corinthians, Santos, Liverpool e se aposentou em 2012.
O Parque Zoológico de São Paulo contratou a D32 Eventos através de processo licitatório aberto em fevereiro deste ano. “Vimos a exposição nos shoppings e pensamos que seria uma boa ideia trazer esse tipo de mostra para dentro do zoológico, em meio à Mata Atlântica. Lançamos o edital e agora estamos realizando a exposição. O projeto tem uma proposta bastante didática e as escolas poderão trazer seus alunos para fazer aulas sobre esse assunto que tanto interessa às crianças”, afirma Roberto Nappo, diretor de Relações com o Mercado do Parque Zoológico de São Paulo. Segundo ele, o zoológico recebe em média 1,5 milhão de visitantes por ano. “Só no fim de semana passado recebemos mais de 18 mil pessoas. Às quintas e sextas, dias úteis mais movimentados, chegamos a receber a visita de até 12 escolas”, diz.
Para quem planeja correr até a instituição, ele dá um último aviso: a exposição com dinossauros animatrônicos ficará em cartaz durante cinco anos --um período considerável para os humanos, mas infinitesimal se comparado ao tempo em que esses répteis habitavam a Terra.
O Parque Zoológico de São Paulo tem 900 mil metros quadrados de área e mais de 3.000 espécies de animais, muitas delas ameaçadas de extinção.
Serviço:
Parque Zoológico de São Paulo: Av. Miguel Estefano, 4.241, Água Funda, São Paulo (SP). Informações: (11) 5073.0811. Segunda a domingo, das 9h às 17h. Preço: Exposição + zoológico: R$ 27, para pessoas acima de 12 anos; exposição + zoológico: R$ 13,50, para crianças entre 5 e 12 anos; exposição: R$ 10, para pessoas acima de 12 anos; exposição: R$ 5, para crianças entre 5 e 12 anos. Livre.
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