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Telescópio revela detalhes de gênesis planetária

Do UOL, em São Paulo

06/11/2014 10h00

As primeiras observações do telescópio Alma, do ESO (Observatório Europeu do Sul), com sua nova configuração para obter imagens mais nítidas mostrou a HL Tauri - uma estrela jovem, a cerca de 450 anos-luz de distância, que se encontra rodeada por um disco de poeira. A imagem resultante excedeu todas as expectativas, já que revela um detalhe inesperado no disco de material que sobrou da formação da estrela, mostrando uma série de anéis brilhantes concêntricos com enigmáticas regiões escuras, assim como intrigantes estruturas radiais e espaços em forma de arcos. Os novos resultados constituem um enorme passo em frente no estudo do desenvolvimento de discos protoplanetários e formação de planetas.

“Estas estruturas são quase com certeza o resultado de jovens corpos do tipo planetário formando-se no disco. Este fato é algo surpreendente já que não se espera que tais estrelas jovens possuam na sua órbita corpos planetários suficientemente grandes, capazes de produzir as estruturas observadas na imagem”, disse Stuartt Corder, diretor-adjunto do Alma.

“Assim que vimos esta imagem ficamos estupefados, sem palavras, com o nível de detalhe espetacular. HL Tauri não tem mais do que um milhão de anos e, no entanto, parece que o seu disco está já repleto de planetas em formação. Só esta imagem já é suficiente para revolucionar as teorias de formação planetária”, explica Catherine Vlahakis, cientista de programa adjunta do Alma.

O disco de HL Tauri parece estar muito mais desenvolvido do que seria de esperar de um sistema com esta idade. Ou seja, a imagem sugere que o processo de formação planetária deve ser muito mais rápido do que supúnhamos até agora.

“Tal resolução apenas pode ser atingida com as capacidades de linha de base longa do telescópio, dando aos astrônomos informações que seriam impossíveis de obter com outra infraestrutura qualquer - nem mesmo com o telescópio espacial Hubble”, explica o Diretor do Alma, Pierre Cox.

Estrelas jovens como HL Tauri nascem em nuvens de gás e poeira fina, em regiões que entraram em colapso devido ao efeito da gravidade e formaram núcleos densos e quentes, que eventualmente vão se incendiar e dar origem a jovens estrelas. Estas estrelas estão inicialmente embebidas num casulo de gás e de poeira que restou da sua formação. É este material que dá origem ao chamado disco protoplanetário.

É devido às muitas colisões que sofrem, que as partículas de poeira se juntam, crescendo em aglomerações do tamanho de grãos de areia e pedrinhas. Finalmente, asteroides, cometas e até planetas formam discos. Os jovens planetas quebram o disco, dando origem a anéis, espaços e buracos vazios, tais como os que observamos agora nas estruturas vistas.

A investigação destes discos protoplanetários é crucial no sentido de percebermos como é que a Terra se formou no sistema solar. Observar os primeiros estágios de formação planetária em torno de HL Tauri pode mostrar aos astrônomos como é que o nosso próprio sistema planetário seria há mais de quatro bilhões de anos atrás, época da sua formação.

“A maior parte do que sabemos hoje acerca da formação planetária baseia-se na teoria. Imagens com este nível de detalhe têm sido, até agora, relegadas para simulações de computador e concepções artísticas. Esta imagem de alta resolução da HL Tauri nos mostra até onde o Alma pode chegar quando estiver operando com a sua maior configuração, além de dar início a uma nova era na exploração da formação de estrelas e planetas”, completa Tim de Zeeuw, diretor-geral do ESO.