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Gorilas cruzaram 'em família' para garantir sobrevivência, diz estudo

O guarda florestal Andre Bauma cuida, há sete anos, de gorilas-das-montanhas, em Virunga, o mais antigo parque nacional da África, na República Democrática do Congo. Ele diz amá-los como se fossem seus próprios filhos - Getty Images
O guarda florestal Andre Bauma cuida, há sete anos, de gorilas-das-montanhas, em Virunga, o mais antigo parque nacional da África, na República Democrática do Congo. Ele diz amá-los como se fossem seus próprios filhos Imagem: Getty Images

09/04/2015 18h36

A endogamia (o acasalamento de indivíduos geneticamente próximos) é geralmente considerada perigosa, mas a prática ajudou na sobrevivência de gorilas-das-montanhas em risco de extinção na África Central ao reduzir mutações genéticas nocivas - informaram pesquisadores nesta quinta-feira (9).

A destruição do habitat e a caça reduziram severamente a população de gorilas nas montanhas de Ruanda, Uganda e República Democrática do Congo. Em 1981, restavam apenas 253 exemplares da espécie. "Os gorilas-das-montanhas estão entre os primatas mais intensamente estudados na selva, mas esta é a primeira análise de todo o genoma feita em profundidade", explicou Chris Tyler-Smith, membro do Wellcome Trust Sanger Institute e coautor do estudo, publicado na revista "Science".

"Três anos depois do sensoriamento do genoma de referência do gorila, agora podemos comparar os genomas de todas as populações de gorilas, incluindo o gorila-das-montanhas em risco de extinção, e começar a entender suas semelhanças e diferenças, bem como o impacto genético da endogamia", acrescentou.

Os esforços de conservação ajudaram na recuperação da população, que conta com cerca de 480 indivíduos hoje em dia.

Ao estudar amostras de sangue de gorilas, os pesquisadores descobriram que os gorilas-das-montanhas e seus vizinhos, os gorilas das planícies orientais, "eram duas a três vezes menos geneticamente diversos do que os gorilas de grupos maiores nas regiões ocidentais da África central".

Apesar destes desafios, os pesquisadores descobriram menos mutações genéticas potencialmente nocivas nos gorilas-das-montanhas do que em outros tipos.

"Embora os níveis comparáveis de endogamia tenham contribuído para a extinção de nossos parentes neandertais, os gorilas-das-montanhas podem ser mais resistentes", afirmou Yali Xue, do Instituto Sanger.

"Não há nenhuma razão para que eles não possam prosperar durante milhares de anos por vir", garantiu o coautor.