Plágio ou coincidência: existe um número limitado de músicas?
Já notou como certas canções são parecidas? E nem sempre essas semelhanças são mera coincidência. Vimos isso há algum tempo com "Million Years Ago", de Adele, plágio de "Mulheres", sucesso de Martinho da Vila.
Outro caso célebre é o de "Da Ya Think I'm Sexy", cópia descarada que Rod Stewart fez de "Taj Mahal", de Jorge Ben Jor. Mas nem toda canção parecida é plágio de outra. E nem todo plágio é intencional.
Toda música é criada por alguém que já foi exposto a milhares de outras músicas. Guardar alguma melodia na memória e reproduzi-la tempos depois não é algo incomum. Além disso, as escalas musicais possuem limitações.
Mesmo que seja possível compor muitas variações para uma melodia com, por exemplo, quatro notas (como a famosa introdução da Quinta Sinfonia de Beethoven), o número de melodias possíveis com a escala de Dó a Si é finito. A escala ocidental possui 12 notas, que podem ser combinadas e recombinadas entre si, e acrescidas de outros elementos, como timbre e duração. Isso torna as possibilidades musicais, apesar do pequeno número de notas, infinitas.
Estas possibilidades aumentaram no século 20, com a criação de recursos elétricos e eletrônicos para produzir novos sons, usados por artistas revolucionários como o guitarrista americano Jimi Hendrix e a banda alemã Kraftwerk.
Outras escalas
O uso das 12 notas nas composições musicais ocidentais é mais ou menos recente: foi definido em meados do século 18, como método para uniformizar as inúmeras maneiras de se afinar os instrumentos.
Mas há muitos outros conjuntos de notas possíveis. Cada cultura pode ter uma escala própria, com uma quantidade de notas e afinações específicas.Na Grécia antiga, por exemplo, distinguiam-se 32 modos a partir de combinações de quatro notas. A música indiana atual possui cerca de 276 escalas em uso. Músicos africanos e chineses usam escalas de cinco notas.
Aos nossos ouvidos, músicas destes lugares podem soar como uma ou duas notas, mas para os povos que as cantam a atenção principal não está nelas, mas nas mudanças de timbre. É o caso dos cantos diafônicos (modulados na garganta) da região de Tuva, na Rússia, ou na música dos arcos de boca de Botsuana, Zimbábue, Moçambique e Namíbia.
Mas, se o limite da música é a imaginação, por que há tantas músicas parecidas no mundo? No fim das contas, é só uma questão de costume: as pessoas escolhem um repertório fechado para se comunicar e se fazer compreender. O que é mais comum é mais fácil de ouvir.
Fonte: Silvio Ferraz, professor de composição da Escola de Comunicação e Artes da USP
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.