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Águas vivas são venenosas, mas elas podem matar?

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Imagem: iStock

Juliana Passos

Do UOL, em São Paulo

26/09/2015 06h00

O acidente que causou a morte do empresário Luis Fernando La Selva chamou a atenção para o potencial do veneno das águas-vivas. Inicialmente, noticiou-se que ele teria morrido após ser internado por uma queimadura de água-viva em Cuba. Depois, informaram que La Selva morreu por uma infecção bacteriana. A relação entre a queimadura pela água-viva e a morte por infecção não está clara, mas ficou a pergunta: o veneno de uma água-viva pode matar?

O biólogo Antonio Carlos Marques explica que as mortes por águas-vivas são raras e não é possível fazer relação imediata da morte do empresário com a água-viva. “Há poucos casos fatais documentados. Desconheço casos no Brasil ou no mar Caribe - caso do empresário -, a maioria dos casos aconteceram no Pacífico”, explica o diretor do Cebimar (Centro de biologia Marinha) da USP (Universidade de São Paulo).

Apesar de não matarem, as águas vivas mais venenosas podem causar dores intensas e marcas na pele, febres, enjoos e vômitos. O biólogo lembra o surto de águas vivas no litoral catarinense no último verão, no qual cerca de 30 mil pessoas foram queimadas, sem registros de casos graves.

A reação vai variar para cada pessoa, depende do tipo físico e de alergias preexistentes. “Uma picada de abelha pode matar uma pessoa, mas isso é muito raro”, exemplifica Marques.

A maioria das espécies fatais são grupo cubozoa, diz o biólogo do aquário de Ubatuba Leandro Fernandes. Nele está a temida vespa-do-mar do Pacífico (Chironex fleckeri), a mais letal entre as águas-vivas. Outras duas espécies fatais que habitam o Indo-Pacífico, na região da Indonésia, Tailândia e Austrália são cubomeduzas conhecidas como Irukandji.

No Brasil existem duas espécies do grupo, a Tamoya haplonema e a Chiropsalmus quadrumanus, ambas altamente venenosas, mas sem mortes documentadas.

Fernandes explica que as mortes podem ocorrer não por conta da letalidade do veneno do animal, mas pela reação do corpo, diante do veneno. Para se defender, o corpo pode aumentar a temperatura e provocar inflamação em determinadas áreas, como na garganta, impedindo a passagem do ar e levando ao afogamento, se a pessoa estiver no mar, ou mesmo uma parada cardíaca. Outra lembrança dos biólogos é a de que, em nenhuma hipótese, a água-viva ataca os seres humanos, elas estão sempre a deriva e se chocam com os seres humanos.