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Anti-inflamatório pode evitar morte por picada de escorpião, sugere estudo

Carlos Perez Naval/Wildlife Photographer of the Year 2014
Imagem: Carlos Perez Naval/Wildlife Photographer of the Year 2014

Karina Toledo

Agência Fapesp

24/02/2016 11h25

Com meros 7 centímetros de comprimento, o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) não parece muito ameaçador, mas a espécie é, na verdade, a mais peçonhenta da América do Sul. Todos os anos, mais de 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo são vítimas de seu veneno. Dessas, cerca de 3 mil acabam morrendo.

De acordo com dados da literatura científica, a maioria das mortes decorrentes da picada do escorpião amarelo – espécie venenosa prevalente no Sudeste brasileiro – está relacionada a complicações cardíacas e pulmonares que resultam em um quadro de insuficiência respiratória.

Um estudo publicado nesta terça (23) por pesquisadores brasileiros na revista Nature Communications sugere que o problema poderia ser evitado – ou pelo menos minimizado – com a pronta administração de medicamentos anti-inflamatórios encontrados em qualquer farmácia, como a indometacina e o celecoxibe.

“Nossos experimentos foram feitos com camundongos, mas há grandes chances de que os resultados se repliquem em humanos, pois as bases moleculares – os mediadores envolvidos na reação inflamatória pulmonar – são iguais nesse caso. Se isso se confirmar, será uma ferramenta importante no pronto atendimento das vítimas e certamente vai diminuir a mortalidade”, avaliou a pesquisadora Lúcia Helena Faccioli, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.

Segundo a especialista, sempre que alguém é picado pelo T. serrulatus ocorre uma reação inflamatória local que causa fortes dores, mas não leva à morte. Em alguns casos, porém, também é desencadeada uma reação inflamatória sistêmica, que pode resultar em edema pulmonar (acúmulo de líquido no pulmão) e prejudicar a respiração.

Até o momento, o consenso entre os cientistas era que a gravidade do quadro de envenenamento dependeria essencialmente da relação entre a massa corporal da vítima e a dose de toxina inoculada. No entanto, o estudo da FCFRP-USP indica que pode haver fatores genéticos relacionados, que influenciariam na capacidade do indivíduo de produzir certas moléculas inflamatórias e anti-inflamatórias.

“Os mecanismos pelos quais essa reação sistêmica é disparada, os mediadores envolvidos, não eram conhecidos e foram objetos do nosso estudo”, contou Faccioli.