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Macaco com coração de porco? Teste abre espaço para transplante com humanos

Charles Platiau/ Reuters
Imagem: Charles Platiau/ Reuters

Do UOL, em São Paulo

12/04/2016 06h00

Um babuíno sobreviveu por dois anos e meio após ter um coração de porco transplantado em seu abdômen. Em pesquisas anteriores, primatas sobreviviam no máximo 500 dias. O recorde foi divulgado na última terça-feira (5) na revista Nature Communications e abre espaço para transplantes entre suínos e humanos no futuro.

O método utilizou uma combinação de modificação genética e drogas imunossupressoras em cinco babuínos. Os corações dos porcos não substituíam os dos primatas -- que continuaram com a função de bombear o sangue, mas estavam ligados ao sistema circulatório por meio de dois grandes vasos sanguíneos no abdômen.

Muitas vezes, o sistema imunológico do receptor rejeita o coração do doador por reconhecê-lo como estranho e, portanto, uma ameaça. Na pesquisa com babuínos, os corações dos porcos foram geneticamente modificados para ter alta tolerância à resposta imune. Os cientistas norte-americanos e alemães também adicionaram uma assinatura genética humana para ajudar a prevenir a coagulação do sangue.

Apenas um dos babuínos atingiu a marca de 945 dias vivo. A média entre os cinco foi de 298 dias. A equipe pensa em estender a pesquisa para a substituição dos órgãos.

Transplantes em humanos

Os cientistas têm feito experiências com transplante de rins, coração e fígados de primatas em seres humanos desde a década de 1960. Nenhum sobreviveu por mais de alguns meses.

Por conta da proximidade genética, os primatas eram os melhores candidatos a doadores. Mas não há uma grande quantidade de macacos criados em cativeiro.

Os corações dos porcos são anatomicamente semelhantes aos corações humanos. Os suínos também crescem rápido e são amplamente domesticados.