Topo

Leão-marinho dançarino prova para a ciência que os bichos têm ritmo

Do UOL, em São Paulo

08/08/2016 06h00

Quando pensamos em dançar já imaginamos os passos do Michael Jackson, as coreografias da Beyoncé ou então os movimentos de Mick Jagger. Relacionamos a dança como um ato exclusivamente humano e imagens de animais requebrando não são as primeiras a aparecerem em nossa mente. De fato, por um longo tempo, a maioria dos cientistas acreditou que o Homo sapiens era a única espécie capaz de criar e responder ao ritmo e a melodia.

Cientistas começaram a investigar os rebolados animais e mostraram que chimpanzés, papagaios e periquitos têm capacidades semelhantes de interpretar música. Além disso, um estudo feito na Califórnia com Ronan, uma leão-marinho fêmea, esclarece de onde vem o ritmo dos bichos.

A pesquisa dos cientistas Peter Cook e Andrew Rouse, publicada em junho, começou por acaso. Os pesquisadores perceberam que a leão-marinho que vivia em cativeiro sempre mantinha o ritmo quando ouvia música.

Animais dançam ou não?

Em um artigo publicado na revista Frontiers in Neuroscience, os cientistas explicam que para investigar os mecanismos cerebrais responsáveis pelo acompanhamento das batidas eles mudavam as músicas e ritmos de repente e os pesquisadores observavam como o animal se adaptava à mudança e como encontrava o ritmo novamente.

Cook e Rouse mapearam como os movimentos do animal eram recalibrados e usaram uma teoria física para explicar o ritmo.

Segundo a tese, o que acontece é que primeiramente a atividade neurológica no centro auditivo do cérebro é ativada e oscila em sincronia com a entrada do ritmo. Em seguida, essa atividade causa uma segunda oscilação, dessa vez nos neurônios do centro motor, que ativam o movimento.

O experimento com o leão-marinho foi importante por ele ser um animal com ritmo e que não é um bicho imitador vocal.

Todos os animais analisados antes, como pássaros, tinham flexibilidade vocal. Em 2009, por exemplo, o dono da cacatua chamada 'Snowball' mostrou que a ave era capaz de ser uma ótima dançarina e ter mais ritmo que muita gente. Ao acompanhar a batida da música de Michael Jackson, a cacatua deixou claro que outras espécies têm o aparelho neurobiológico necessário para processar estímulos rítmicos e se mover no tempo deles.

Por muito tempo, pensou-se que a habilidade de ter ritmo podia depender de circuitos neuronais específicos necessários para a flexibilidade vocal. Mas este mito também foi derrubado.