Comida de astronauta ajuda a combater a desnutrição na África
Do UOL, em São Paulo
13/09/2016 18h45
Ao pesquisar alimentos para astronautas, cientistas se concentraram na spirulina, uma bactéria muito semelhante às algas e rica em proteína. A receita, que já foi provada no espaço, agora pode ser utilizada em um projeto para combater a desnutrição na República do Congo.
A dieta básica na região é a base de mandioca, que fornece fibras e carboidratos. A spirulina poderia complementar a alimentação local com proteína, vitamina A e ferro.
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Nesta primeira fase do projeto a bactéria Arthrospira (nome cientifico da spirulina) é cultivada em banheiras de água com bicarbonato de potássio e outros ingredientes que podem ser encontrados na região. Os recipientes facilitam a colheita, e fornecem alimentação para uma família de até 6 pessoas.
A spirulina é ressecada e transformada em um pó. Dez gramas são polvilhadas em alimentos, o suficiente para satisfazer a maioria das necessidades alimentares, adicionando apenas um sabor mais salgado aos pratos.
O projeto é uma parceria da ESA (Agência Espacial Europeia) com o centro de pesquisas belga CEN SCK, que estão trabalhando com empresários locais para viabilizar o sistema de desenvolvimento e o consumo das bactérias nas aldeias.
De volta ao espaço
Para as missões longas, os astronautas devem cultivar os alimentos. A escolha da spirulina deve-se ao fato de ela crescer e se multiplicar rapidamente, então seriam ideais para o cultivo no espaço. As bactérias transformam dióxido de carbono em oxigênio e podem ser comidas como um delicioso suplemento, rico em proteína. Elas também são altamente resistentes à radiação encontrada no espaço.
O astronauta dinamarquês Andreas Mogensen, que passou uma semana na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), testou, durante a viagem, barras de cereais que continham spirulina.
Os cientistas pretendem fazer testes de cultivo na ISS, para avaliar como os organismos crescem no espaço, onde há ausência de peso.
Segundo os pesquisadores, o projeto Melissa (The Micro-Ecological Life Support System Alternative) nasceu há mais de 25 anos inspirado em ecossistemas como os encontrados em torno do lago Chad 1500 km ao norte de Bikoro, no Congo. O que torna justo, que a pesquisa também possa ajudar a população da região.