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Por que nos importamos tanto com a separação de Brad Pitt e Angelina Jolie?

Casal "Brangelina" se separou e muita gente não está sabendo lidar - Hannibal Hanschke/Reuters
Casal "Brangelina" se separou e muita gente não está sabendo lidar Imagem: Hannibal Hanschke/Reuters

Do UOL, em São Paulo

21/09/2016 09h50

Basta um boato de que um casal famoso está se separando e a comoção é instantânea. Foi assim com William Bonner e Fátima Bernardes e agora se repete com Brad Pitt e Angelina Jolie. Mas, por que as pessoas se importam e sentem tanto o fim do relacionamento de celebridades? A resposta pode ser psicológica.

Existe até um termo para estas situações, como relata a "New York Magazine". É o tal do "relacionamento para-social", termo cunhado em 1956 pelos pesquisadores Donald Horton e Richard Wohlp ara explicar essa "intimidade à distância" que os meios de comunicação de massa criam, e só funciona de um lado (o do telespectador).

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Isto explica os vínculos criados inclusive com personagens fictícios de séries – sabe aquilo de achar que o povo de "Friends" é seu amigo ou sofrer com uma morte em "Game of Thrones"?

O estudo, claro, foi feito quando só exista rádio e TV. Mas, desde aquela época os cientistas estranhavam a mudança no relacionamento com os personagens, em comparação com o que acontecia com personagens de teatro, por exemplo.

Os novos meios de comunicação de massa oferecem a ilusão de uma relação cara-a-cara com o artista. Os mais ilustres homens são apresentados como se já estivessem no círculo íntimo de alguém

Donald Horton e Richard Wohl, em seu estudo de 1956 na revista Psychiatry

Estudos mais recentes também tocaram nesta questão. Uma pesquisa de 1989 percebeu que usamos as mesmas funções cognitivas tanto no relacionamento interpessoal quanto na comunicação mediada.

Outra, publicada em 2004 no Journal of Social and Personal Relationships, mostrou que a sensação de perder um personagem favorito em um programa é semelhante à de perder alguém do círculo social da vida real --e, neste sentido, as celebridades se aproximam dos personagens fictícios.

Entre as crianças, as pesquisas revelaram que a relação para-social influi na formação de uma identidade e ajuda no aprendizado por meio da mídia. Por outro lado, pode interferir na definição da imagem corporal, levar a imitação de condutas agressivas e provocar o "término para-social", que é quando o relacionamento de mão única acaba. 

William Bonner e Fátima Bernardes - Folhapress - Folhapress
Separação de William Bonner e Fátima Bernardes chocou fãs do casal
Imagem: Folhapress

A fixação por celebridades também tem consequência para os jovens. Estudos apontaram que eles moldam o conceito de relacionamento e até de si mesmos ao observar famosos --num levantamento de 2006, 75% dos jovens adultos afirmaram que tinham "laços fortes" com duas ou mais celebridades.

E a tendência é que as novas redes sociais, como Snapchat e Instagram, tornem este universo ainda mais próximo do público, tornando este tipo de relação ainda mais comum.