Teste de qualidade de óculos de sol precisa ser revisto, alerta estudo
Os testes que existem atualmente para garantir que os óculos de sol protejam mesmo os olhos da radiação solar estão ultrapassadas e precisam mudar. É o que aponta um estudo feito por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo) e publicado na revista BioMedical Engineering OnLine.
As normas técnicas em vigor são baseadas nos procedimentos internacionais, mas, segundo eles, não asseguram a proteção das lentes ao UV, porque não consideram que as lentes costumam tornar-se mais claras e frágeis com o passar do tempo, filtrando menos a luz.
No teste, as lentes são expostas a um simulador solar durante 50 horas, a uma distância de 30 centímetros de uma lâmpada de xenônio, com potência de 450 Watts (W) e espectro luminoso semelhante ao do sol.
Após a exposição à radiação, os óculos são submetidos a uma análise por espectrofotometria para comparar a transmitância luminosa (quantidade de luz visível que passa), o que determina sua categoria. Por exemplo, uma lente com transmitância luminosa de 12% bloqueia 88% da luz visível.
Dessa forma, é possível avaliar se as lentes alteram de categoria – se ficam, por exemplo, mais claras – e se conferem proteção à radiação UV durante um período equivalente a dois dias de exposição ao sol natural no verão em uma cidade brasileira como São Paulo, por exemplo.
No entanto, enquete feita pelos pesquisadores apontou que a maioria dos brasileiros usa os mesmos óculos de sol por, no mínimo, dois anos, durante um período de, em média, duas horas por dia.
Os pesquisadores desenvolveram um modelo matemático para estimar como a radiação solar chega ao nível do solo em 27 capitais brasileiras e 110 capitais de países do hemisfério Norte, levando em conta suas características geográficas (latitude, longitude e altitude) e perfil atmosférico típico.
Com isso, conseguiram calcular a densidade de potência que chega ao nível do solo nesses locais, desde a hora que o Sol nasce até o momento em que se põe. Em seguida, compararam essa irradiância com a emitida pela lâmpada de xenônio de 450 W usada no teste.
As análises das comparações revelaram que a irradiância solar real nas cidades analisadas é muito mais intensa do que a da lâmpada de 450 W e que, para reproduzir as condições reais de exposição, as lentes deveriam ser testadas por 134,6 horas e a uma distância de 5 cm da lâmpada.
Revisão da norma
Os pesquisadores apresentaram em maio deste ano os resultados do estudo para o comitê técnico do National Institute of Standards and Technology (NIST) – o Inmetro dos Estados Unidos – que concordou com a necessidade de revisão dos parâmetros do teste e das normas nacionais do produto.
Segundo os pesquisadores, a exposição à radiação UV varia entre as latitudes mundiais, sendo que os países tropicais são expostos a índices extremamente elevados tanto no verão como no inverno.
Dessa forma, os óculos de sol usados em países do hemisfério Sul podem ter que ser substituídos mais frequentemente dos que os utilizados no hemisfério Norte.
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