Astronautas crescem no espaço, mas voltam com uma baita dor nas costas
Uma temporada no espaço gera dois efeitos bem sensíveis no corpo. Por causa da baixa gravidade, o astronauta fica mais alto. Mas o viajante fica com uma baita dor nas costas. Na volta para a Terra, o saldo é negativo. A gravidade terrestre faz os centímetros extras sumirem. Já as dores continuam, podem piorar, e o problema já faz alguns cientistas pensarem ser inviável ir para Marte.
Tudo acontece por causa da perda de massa muscular. Enquanto os astronautas flutuam no espaço, a baixa ação da gravidade faz com que os músculos que rodeiam a coluna vertebral se enfraqueçam. Dessa forma, ela perde um pouco de sua curvatura natural, se “endireitando”. É isso que explica o ganho de altura, revertido totalmente na volta para casa. E a dor também está relacionada a essa redução muscular.
Em estudo recente publicado na revista Spine, a Nasa submeteu seis astronautas a exames de ressonância magnética antes e depois de longas temporadas no espaço. Cerca de 70% deles sofrem algum desconforto nas costas durante seus primeiros dias no espaço. A dor pode variar de acordo com o corpo de cada astronauta.
"Para alguns, ela é bastante grave e dura toda a missão. Para outros, dura apenas alguns dias ", diz Alan Hargens, professor de cirurgia ortopédica na Universidade da Califórnia, em San Diego, em reportagem do jornal The Guardian.
Na volta para a casa, metade dos astronautas continuou sentindo dor nas costas. Segundo o estudo, problemas de hérnias de disco são quatro vezes mais comum entre viajantes do espaço em comparação com o restante da população. Em média, os astronautas perderam 19% da massa muscular que auxilia a sustentação e os movimentos da coluna vertebral. Entre um e dois meses após o retorno, cerca de 25% desses músculos ainda não tinham se recuperado.
O achado faz com que um entendimento antigo dos cientistas seja revisto. Anteriormente, o problema de dor nas costas era atribuído ao inchaço dos discos vertebrais. Acreditava-se que isso ocorria pelo fato da coluna não estar comprimida pelo peso do corpo. Mas as imagens de ressonância magnética feitas no recente estudo não mostram nenhuma evidência disso.
Ida e volta para Marte num fusquinha
Os resultados traçam um cenário desolador para longas missões espaciais. Se uma temporada de um ano provoca tamanho desconforto, imagine uma empreitada em que um ano seria o tempo da viagem apenas de ida?
Para cientistas como Lewis Dartnell, astrobiologista da Universidade de Westminster, obstáculos relacionados ao corpo humano ainda precisam ser superados para que uma missão tripulada a Marte se torne mais factível.
Ir para a Lua é como um final de semana prolongado. Você chega disposto para tirar fotos. Ir para Marte pode trazer coisas mais graves do que algumas queixas de dor” Lewis Dartnell
A esperança para superar esses desafios estaria em técnicas que possibilitassem fortalecer a coluna ao longo da viagem espacial ou reproduzir a carga diária que temos sobre as costas quando estamos na Terra. Assim, quem quiser ir para Marte, tem que estar disposta a praticar muita ioga durante a viagem – técnica vista como uma das únicas capazes de manter a espinha firme em ambiente sideral.
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