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Já foi para um lugar muito alto? As células lembram e adaptam seu corpo

Machu Picchu, no Peru, está a mais de 2,3 mil metros de altitude - Divulgação
Machu Picchu, no Peru, está a mais de 2,3 mil metros de altitude Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

08/02/2017 17h59

Normalmente as pessoas se adaptam mais rapidamente a altitudes elevadas na segunda vez que visitam um local muito alto. Isso acontece porque as células sanguíneas conseguem lembrar como reagiram a primeira vez e se adaptam com mais velocidade, revela estudo publicado na revista Nature Communications nessa terça-feira (7).

O estudo identificou o caminho molecular envolvido nessa resposta tanto em camundongos como em humanos, o que pode indicar uma via para o tratamento dos efeitos da hipoxia (redução da disponibilidade de oxigênio para os tecidos).

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que a exposição a altitudes elevadas repetidamente resultou em uma adaptação mais rápida ao ambiente com pouco oxigênio, mas a base molecular para essa resposta melhorada não era clara.

Para sobreviver à hipoxia, nosso corpo dispara respostas adaptativas a fim de promover a liberação de oxigênio aos tecidos. Uma dessas respostas é a liberação de uma substância química chamada adenosina, que evita rompimento vascular, reduz a inflamação e dilata os vasos sanguíneos.

Como isso acontece?

Yang Xia e seus colegas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, descobriram o principal componente responsável pela sinalização da adenosina.

Quando alguém está em um ambiente de altitude elevada ou um camundongo está num ambiente com pouco oxigênio, ocorre a queda de uma proteína chamada eENT1, presente na célula vermelha do sangue.

A perda dessa proteína permite uma acumulação rápida de adenosina no plasma para reagir aos prejuízos causados pela hipoxia nos tecidos. Os níveis baixos da proteína são mantidos depois do primeiro contato com o ambiente de pouco oxigênio e essa “memória de hipoxia” das células permite a aclimatação mais rápida.

Os autores sugerem que focar o caminho de degradação da eENT1 pode ser a chave para combater os efeitos da hipoxia, que podem ocorrer não só quando se viaja a elevadas altitudes, mas também em casos de doenças cardiovasculares e respiratórias.