Uso de extrato de maconha pode reverter falha de memória em idosos
O uso terapêutico da maconha (Cannabis sativa) tem ganhado um espaço em diversos países do mundo. Nesta segunda-feira (8), um novo estudo, publicado na revista Nature Medicine, mostra que doses baixas de THC (tetrahidrocanabinol) --substância responsável por "dar barato", mas que também tem propriedades medicinais-- podem reverter deficit de aprendizagem e de memória relacionados à idade.
Realizado por pesquisadores alemães e israelenses, sob a coordenação de Andreas Zimmer, diretor do Instituto de Psiquiatria Molecular da Universidade de Bonn, da Alemanha, o estudo foi feito com ratos de três idades distintas: de 2, 12 e 18 meses. A eles, foram administradas, por 28 dias, baixas doses de THC, observando-se, então, seu efeito sobre o comportamento neurocognitivo e os padrões de expressão gênica.
Embora o tratamento tenha prejudicado o desempenho comportamental em tarefas de aprendizado e memória em ratos jovens, a mesma experiência realizada com ratos adultos e idosos se mostrou positiva, fazendo com que a capacidade de aprendizado e de memorização fosse melhorada.
Para os pesquisadores, tais alterações no comportamento de animais mais velhos foram associadas à restauração, desencadeada pela atuação do canabioide, dos padrões de expressão genética do hipocampo deles, estrutura cerebral relacionada à memória.
Os cientistas afirmam, no entanto, que é prematuro dizer se estes efeitos também podem ser aplicados a outras espécies, incluindo humanos. O próximo passo é replicar o estudo com macacos, animais mais próximos aos humanos.
Luta contra o Alzheimer?
Outros estudos realizados nos últimos anos também apontam o THC como uma substância potencialmente benéfica para tratamentos de doenças relacionadas à perda de memória, como a doença de Alzheimer. Um estudo da Ohio State University, dos Estados Unidos, por exemplo, indica que o canabinoide pode reduzir índices de inflamação no cérebro em pessoas idosas, estimulando a formação de novos neurônios.
Para os cientistas que conduziram este estudo, realizado em 2008, o THC, quando consumido com moderação, é eficaz na proteção do cérebro contra inflamações, o que pode se traduzir em uma melhor memória na velhice.
Outra pesquisa, mais recente, datada de 2016 e realizada por cientistas do Salk Institute, também dos EUA, apontou evidências preliminares de que o THC --bem como outros canabinoides-- tem potencial para remover a beta-amiloide, proteína tóxica associada com a doença de Alzheimer.
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